terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Impermeabilização do solo

A chuva forte que atingiu a região metropolitana, principalmente em 
Belo Horizonte e Contagem, causou diversos transtornos e 
prejuízos para a população.

  • A impermeabilização do solo significa perda da capacidade de absorção da água pelo solo. Este processo acontece principalmente nas cidades, em razão do asfaltamento, calçamento de ruas e calçadas, da própria construção de edificações e da cimentação dos quintais e jardins das casas. Forma-se assim uma espécie de capa sobre o solo, impedindo que a água seja absorvida.
Assim, nas áreas urbanas, como a água não é adequadamente absorvida pelo solo e a rede de drenagem pluvial é muitas vezes insuficiente ou está obstruída, ocorre que, em dias de chuva intensa ou prolongada, as águas correm pelo solo impermeabilizado, e a enxurrada vai descendo desde as partes altas, até encontrar terrenos permeáveis - o que pode acontecer nas várzeas dos rios. 
  • Se as várzeas também estiverem impermeabilizadas, as águas acabam chegando à calha dos rios. Se as águas chegam aos rios em volume superior ao da sua capacidade natural de escoamento (ver vazão), isto é, se a calha dos rios não for suficientemente larga ou profunda, o nível das águas fluviais aumenta, podendo ocorrer um extravasamento, com alagamento das várzeas impermeabilizadas e, gradativamente, a inundação de áreas próximas.
A superpopulação nas grandes metrópoles visa principalmente à busca por empregos, educação, saúde e melhores condições de vida, mas também transforma e modifica o espaço urbano e com isso, gera uma massa de excluídos sócio-econômicos que acaba de forma alternativa e sem alguma perspectiva de vida, habitar locais sensíveis, logo, intensifica o surgimento de favelas peri-urbanas, e geralmente por falta de planejamento e omissão,provoca grave problema social e ambiental que por décadas vem ocorrendo no Distrito Federal, que neste artigo interessa mais especificamente. 
  • A região do Distrito Federal está localizada entre os paralelos de 15º30’ e 16º03’ de latitude sul e os meridianos de 47º25’ e 48º12’ de longitude WGr, na Região Centro-Oeste, ocupando parte do território do Estado de Goiás. Sua área possui 5.789,16 km², e equivale a 0,06% da superfície do País.
O Distrito Federal possui densidade demográfica de 2.562.963 (IBGE, 2010). está situado integralmente no domínio do bioma cerrado, considerado o segundo maior bioma do País em área, e um dos 34 hotspots mundiais para a conservação da biodiversidade (MYERS et al., 2005), ocupando, aproximadamente, 2.000.000 km2, o que representa 23% do território nacional. A vegetação contém uma gama de aspectos naturais tai como - campo limpo muito aberto, o cerradão com árvores de porte elevado e alta densidade, vegetação tipo campo sujo, cerrado ralo, cerrado típico, veredas e palmital.
  • O Distrito Federal está localizado entre as bacias das regiões hidrográficas: Paraná, Tocantins -Araguaia e São Francisco. Estas bacias estão divididas em 07 (sete) sub-bacias que são: rio São Bartolomeu, rio Preto e Maranhão, rio Descoberto, rio Paranoá e os rio São Marcos e Corumbá, que drenam cerca de 95% do território, aliado pela oferta e demanda por água na região. Recentemente a CAESB (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), planeja captar novos pontos de água para o consumo da população, entre eles estão o córrego do Bananal e do Lago Paranoá.
Planejamento urbano-ambiental:

  • Planejamento urbano é o conjunto de ferramentas que possibilita perceber a realidade, a fim de avaliar os caminhos para a construção de programas que visa aprimorar os aspectos de qualidade de vida atual e futura da população. Segundo (R. F. Santos, 2004), o planejamento ambiental pode ser definido como o planejamento de uma região, visando integrar informações, diagnosticar ambientes,prever ações e normatizar seu uso através de uma linha ética de desenvolvimento. 
A sua execução é realizada através de programas de curto prazo. O controle de tais programas conduz ao conhecimento sobre a posição e o cumprimento do plano e permite ciclo de retorno entre planejamento a gestão. A realização dos planos passa por determinadas etapas: 
a) Identificação e descrição do sistema: reconhecimento das variáveis relevantes para a compreensão de sua estrutura e funcionamento;
b) Definição dos objetivos com base nos problemas atuais e futuros e suas interações;
c) Geração de soluções que melhor satisfaça os objetivos sem violar as restrições do sistema;
d) Seleção da solução que melhor satisfaça os objetivos através de um processo de avaliação, no qual ter de dar entrada a certas apreciações subjetivas e juízo de valor e:
e) Execução e controle. (A.C.S.Bastos, D.M. Silva, J.R.de Almeida, T.M. Malheiros, 2009 p.13).
Para que haja a realização da função social e planejamento de forma sustentável de uma cidade, o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10 de Julho de 2001), que no Art. 2° estabelece o regulamento e dentre algumas aplicações importantes de instrumentos de gestão urbana abordado na Lei: Estatuto da Cidade e vem em forma de citação abaixo:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana. (R.Rolnik, C.S.Carvalho, S.B.Ribeiro, D.C.Golvêa, 2005 p.77).
Neste contexto de planejamento urbano – ambiental, a cidade de Brasília foi projetada e planejada para ser uma metrópole moderna e com uma arquitetura revolucionária para a época. Formulada por Lúcio Costa em 1957 e tendo como base o Plano Piloto para abrigar 500 mil pessoa, o projeto visa o urbanismo racionalista.
  • O adensamento populacional no Distrito Federal ocorreu pela implantação das cidades-satélites que teria como estratégia abrigar os operários que trabalhavam nas obras da capital e pelas famílias que habitavam as invasões que se localizavam ao redor dos canteiros de obras. Atualmente as regiões administrativas. Figura 2. Detém autonomia administrativa, mas suas atividades econômicas e sociais dependem essencialmente de Brasília. A falta de planejamento e politica públicas voltadas para o Distrito Federal, tornou a situação ainda mais grave, com o crescimento desordenado e a ocupação do solo, estas regiões adquiriram o primeiro lugar no ranking das cidades com maior densidade demográfica do Brasil segundo o último Censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contabilizou mais de 2,6 milhões de habitantes, ou seja, são 444 habitantes por km², sendo que em no ano de 2000 era de apenas 352 habitantes por km², crescimento que preocupa para manter a sustentabilidade ambiental do território do Distrito Federal.
A ocupação desordenada do solo sem a prática sustentável, a ausência de ações e planejamento de políticas públicas voltada para o meio ambiente, poderiam ser evitados para minimizar a interferência antrópica no espaço urbano do Distrito Federal. Algumas cidades foram projetas, outras invadidas por grileiros onde os loteamentos irregulares por critério basicamente eleitoreiro,desrespeitam o meio ambiente e o Tombamento Urbanístico da cidade, condomínios verticais se multiplicaram, como mostra os mapas de ocupação do solo durante o período de 1958 a 2004(Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal - Documento Técnico – Versão Final – Novembro/ 2007). 
  • Em 1958, o ano que consolida o nascimento de Taguatinga, que recebeu os moradores da Vila Amauri. Dois anos apos a inauguração de Brasilia, nasce a cidade do Gama e a cidade de Sobradinho em 1960. 
  • Entre os anos de 1960 e 1964. Foi criada a cidade de Ceilândia para abrigar moradores de antigas invasões, neste período a população do Distrito Federal era de 400 mil habitantes.
  • Em 1975. Ocorreu as primeiras áreas de parcelamento irregular no Lago Sul, O Quintas das Alvoradas trazendo mais danos ao meio ambiente, neste local seria instalado Lago Bartolomeu. 
Em meado de 1980 e 1986. Começou a distribuição de lotes em outras cidades, a consolidação do Guará e Ceilandia e o surgimento de condomínios irregulares. Por sua vez a estrutura urbana DF expandia com a ocupação de novas áreas como: Lago Sul e o Lago Norte, em quanto isso, o Distrito Federal ultrapassou a cifra de 1 milhão de habitantes.A partir dos anos 80 e 90 com o aumento, 06 (seis) desses condomínios foram criados por meio de emenda e projeto na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a Lei n° 1823 de 13 de janeiro de 1998.
  • Entre 1991 e 1994. Figura 8. Nascem as cidades de Santa Maria, Recanto das Emas e São Sebastião, foi executado um dos maiores programas de assentamento para a população de baixa do DF em 1995, surge o Plano de Ordenamento Territorial, aprovado pela Resolução 31/86 do Conselho de Arquitetura, Urbanismo e Meio Ambiente – Cauma e pelo POUSO – Plano de Ocupação e Uso do Solo (SEMARH-DF). Neste período são contabilizados 529 parcelamentos irregulares de uso e ocupação de solo em terra pública e privada, dentre eles o núcleo rural Vicente Pires. Em 1997. O Plano piloto e Taguatinga estão quase com as áreas preenchidas, em 
Sobradinho e Planaltina a dispersão de moradias cada vez mais deteriora o cerrado. Entre o Entorno e o Distrito Federal começam as ocupações de forma desordenada. Em meados de 1998 e 2004. O território do Distrito Federal cresceu 12,6% e uma perda de 29% de mata reflorestada, outro fator de degradação ambiental e o adensamento das ocupações residenciais nos limites das áreas de proteção ambiental, como o Parque Nacional de Brasilia criado em 29 de novembro de 1961. Nos dias atuais, O Distrito Federal vive um caos associados ao adensamento populacional e a perda de cobertura vegetal do cerrado, e o caso da maior favela do Distrito Federal, o Condomínio Sol Nascente, segundo o Censo de 2010 do IBGE a região possui quase 57.000 moradores, só perde em população para a Rocinha, no Rio de janeiro, com quase 70.000 habitantes, de acordo com o censo, a cidade não possui infraestrutura suficiente para a população, sem esgoto, sem segurança e sem saúde, os impactos ambientais são visíveis, quando chove a enxurrada varre o lixo que transborda para as casas e para o meio ambiente, pois este loteamento está em áreas de Proteção Ambiental. 
  • Haja vista que os impactos ambientais negativos acorrem, quando a interferência em qualquer parte ou etapa em um ecossistema, com o tempo, desequilibra o que a natureza desenvolveu durante toda a evolução deste sistema. No Quadrilátero do Distrito Federal, as áreas de Unidade de Conservação que na época da inauguração de Brasília correspondia cerca de 50% do quadrilátero, o planejamento urbano-ambiental tinha como estratégia, limitar o crescimento urbano, proteger e conservar os recursos naturais, mas não foi capaz de segurar a dinâmica socioeconômica e o inchaço populacional destas regiões. Por fim a exemplo de adensamento populacional, surgi o novo bairro criado no perímetro do Parque Nacional de Brasília – Setor Noroeste conhecida nacionalmente pelo conflito entre Índios que vivem nesta área a mais de 30 anos, e pelos Empreiteiros que por meio legal de processo licitatório, adquiriram lote para construção de imóveis comerciais e residenciais. 
Esta região localiza-se próxima ao Plano Piloto as margens da rodovia BR-040 e mostra a ineficiência política do planejamento urbano - ambiental no Distrito Federal. A falta de interesse por parte do governo do Distrito Federal contribui pela degradação da biodiversidade local, impermeabilização do solo, poluição e adensamento populacional, em área de Proteção Ambiental, proporcionando desequilíbrio ao ecossistema do bioma cerrado.Quanto à ocupação em áreas de uso agrícola, sobretudo aquelas classificadas pelo PDOT (Plano de Desenvolvimento e ordenamento Territorial), como Zonas Rurais de Uso Controlado, tinham a vocação de desempenhar um papel intermediário do ponto de vista ecológico-econômico. Mas a utilização de tecnologias modernas de cultivo, a correção da acidez do solo, a utilização de adubos,tecnologia de ponta de irrigação, transformou o cerrado numa das regiões agropecuárias mais importantes do País.
  • Por fim, o Planejamento urbano - ambiental, possui importância para o desenvolvimento sustentável da relação entre ecologia e Homem, um processo dinâmico de fiscalização e Gestão do Território como constitui no texto da Constituição Federal, a participação integrada entre governo, comunidades locais e setores da economia para priorizar projetos e ações no espaço urbano e regional em prol ao meio ambiente, poderá minimizar o impacto e a degradação do meio ambiente. 
De acordo como a publicação organizada por Fernando Oliveira Fonseca. A existência de Plano de Manejo, Zoneamento ou Plano Diretor permite a intervenção na unidade de forma tecnicamente planejada, setorizando usos específicos permitidos, recomendando a recuperação ou restauração de áreas degradadas, disciplinando a visitação pública, etc. Sua ausência favorece intervenções indesejadas, não planejadas, oportunistas e, portanto, aumenta o grau de vulnerabilidade da unidade. 
Também o Art. 27º da Lei nº 9.985 estabelece que as unidades de conservação devem dispor de Plano de Manejo. (Olhares sobre o Lago Paranoá. 2001).
  • A conservação da biodiversidade consiste no manejo de interação humana com gens, espécies e ecossistemas, de modo a oferecer o máximo de beneficio à geração atual, mantendo seu potencial para satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras (. (A.C.S.Bastos, D.M. Silva, J.R.de Almeida, T.M. Malheiros, 2009 p.145).

"A Terra vai recuperar o equilíbrio sozinha, mesmo que demore milhões de anos. O que está em risco realmente é a civilização."(Lovelock)

Impactos ambientais das atividades Antrópicas:
  • A cidade é uma forma da organização espacial, o uso e ocupação do solo são os termos determinantes do adensamento demográfico, o espaço urbano transforma e modifica o meio físico, a paisagem, ciclo hidrológico pelo intenso processo de urbanização desequilibrando de forma geral o ecossistema. Para Cunha e Guerra (2011) A urbanização e a emergência dos problemas ambientais urbanos obrigam os estudiosos dos impactos ambientais a considerar os pesos variados da localização, distância, topografia, características geológicas, morfológicas, distribuição da terra, crescimento populacional, estruturação social do espaço urbano e processos de seletividade suburbana ou segregação espacial. (Cunha e Guerra, 2011 p.27)
De acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: A saúde, a segurança e o bem-estar da população; As atividades sociais e econômicas; A biota; As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; A qualidade dos recursos ambientais. 
  • Os impactos ambientais desde a construção de Brasília, dois terços da vegetação do Quadrilátero do Distrito Federal encolheu devido ao uso e ocupação do solo de forma regular e irregular, dos 581 mil hectares, sobraram 189 mil hectares, sendo 10% em áreas de Proteção Ambiental. Os primeiros impactos no Distrito Federal, ocorreram com a consolidação dos primeiros bairros, estes foram projetados e implantados juntamente com a construção da nova Capital da República, com isso, estudo promovido pela UNESCO, para avaliação multitemporal da ocupação do solo no Distrito Federal e seu efeito sobre a cobertura vegetal, constatou uma perda de 58% da cobertura vegetal nativa no Distrito Federal, no período de 1954 a 2001. 
Esta perda é mais acentuada nas áreas de cerrado típico, cuja redução chega a 73%. Especialmente no caso das matas e cerrado restam apenas fragmentos de vegetação, que estão associados às áreas legalmente protegidas e àquelas de difícil acesso. Os principais componentes das transformações territoriais ocorridas, que implicaram significativa redução da vegetação nativa e conseqüente perda da biodiversidade no Distrito Federal, são o intenso processo de urbanização e o crescimento da ocupação agrícola, neste particular com a expansão da cultura de soja e outras de caráter exportador, em toda a região Centro-Oeste. No período de 1954 a 2001, as áreas de ocupação urbana evoluem de 0,02% para 7,39% do território do Distrito Federal, e as áreas de ocupação agrícola passam de 0,02% para 47,56%, alcançando aproximadamente metade do território (UNESCO, 2002). 
  • Essas áreas ricas em biodiversidade que ao longo de anos teve um crescimento demográfico e por conseqüência deste crescimento os problemas urbanos e ambientais chegaram ao colapso da sustentabilidade e qualidade de vida da população. Sem a devida compensação ambiental e a execução de politica públicas, vêm os alagamentos, a erosão, a poluição do ar e o comprometimento dos recursos hídricos. Nas cidades-satélites, estas consequências fazem parte do processo de impacto ambiental e degradação do meio ambiente no Distrito Federal. Pequenas precipitações são capazes de alagar ruas e avenidas de Brasilia, cresce as áreas de erosão por conta do desmatamento. Regiões como o Plano Piloto, Lago Sul e Park Way, ainda há muita área verde, já cidades como Ceilandia, Riacho Fundo, Samambaia e Águas Claras, as áreas verdes estão perdendo para o asfalto, prejudicando o bem estar da população local. 
Outro problema comum de impacto negativo no Distrito Federal e a ocupação desordenada nas áreas de bacias hidrográficas, para dirimir este problema, 92% do território foi incluído em áreas de Proteção, mas não adiantou, durante anos estes espaços foram ocupados de forma ilegal por conta da grilagem de terras. Em 2001 a UNESCO alertava para o isolamento das reservas de cerrado contra a intensa pressão e especulação do solo nas proximidades das bacias hidrográficas. 
  • A exemplo de impacto causado pela ocupação do solo irregular,é a bacia do Paranoá, o processo de destruição da vegetação nativa se mostra especialmente grave quando se dá por meio da ocupação desordenada do solo, com a implantação de parcelamentos irregulares, tanto urbanos quanto rurais, atingindo as áreas de nascentes e os cursos d’água, rompendo os corredores que ligam as áreas remanescentes de vegetação natural, impedindo a movimentação da vida selvagem e do fluxo gênico, provocando a exposição dos solos, gerando os assoreamentos e comprometendo os recursos hídricos, fatores que poderão ameaçar a qualidade de vida no Distrito Federal. (livro: olhares sobre o do Lago Paranoá, 2001). Com o crescimento da população e a expansão das cidades e da agricultura, trouxe impactos ambientais no recurso hídrico da região, onde já é possível perceber a falta de água para a população e para a agricultura.
A especulação imobiliária contribui para os problemas ambientais no Distrito Federal, com o aumento de áreas impermeabilizadas e o desmatamento do cerrado, tem causado o aumento da temperatura no Distrito Federal. Nos últimos dez anos, o clima ficou cerca de 1°C mais quente em relação à média histórica. De acordo com o Clima Tempo, com base em informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a média da temperatura máxima no ano passado atingiu os 27°C, enquanto a mínima chegou a 16,7°C. Em 2010, a máxima alcançou 27,5°C e a mínima, 17,4°C. Em ambos foi ultrapassada a média máxima anual estabelecida na Capital Federal, que é de 26,3°C. Desde a década de 1990, a temperatura no Distrito Federal vem aumentando (INMET), o crescimento da temperatura está diretamente ligado ao crescimento populacional e a falta de arborização. Com o aumento do número de pessoas, as cidades tendem a crescer e, com isso, boa parte dos espaços naturais se perde. 
  • Quanto mais construções, asfalto, carros e poluição, mais a temperatura se eleva, é o famoso fenômeno conhecido como ilhas de calor. Isto ocorre após constantes parcelamentos de loteamentos por conta da ocupação urbana no território em parte de forma irregular perante a Legislação Ambiental, mesmo com a quantidade de áreas protegidas por lei, o adensamento populacional movida pelo dinamismo econômico e pela especulação imobiliária, e com isso, torna alto o nível de urbanização, haja vista que neste contexto, os impactos ambientais tem gerado problemas para a população das regiões do Distrito Federal, como a falta de infraestrutura em relação à drenagem pluvial e ao esgotamento sanitário, oferece risco à contaminação do lençol freático, e provoca alagamentos nas vias urbanas por conta da impermeabilização do solo, situação corriqueira devido grande volume de precipitação.
Outro problema que agrava os impactos na região do Distrito Federal é o desmatamento de matas ciliares às margens dos rios e riachos em áreas urbanas e rurais, onde o assoreamento provoca baixa densidade de vazão dos riachos que deságua nas principais bacias da região, logo, contribui para a suscetibilidade à erosão nas áreas de risco e principalmente nas cabeceiras de drenagem onde geralmente há processos de dissecação do relevo. (Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal - Documento Técnico – Versão Final – Novembro/ 2007. Por consequência, a impermeabilização do solo está comprometendo os recursos hídricos da região. Atualmente, o consumo de água no Distrito Federal e de 7,5m³/s, onde o bem produzido e de 8,5 m³/s, ou seja, o consumo da população do Distrito Federal e de 88%. 
  • No Distrito Federal as áreas de protegidas por Lei. Figura 12. Não inibem a ocupação e a grilagem de terras. De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Art. 2º, inciso I, entende-se como unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Portanto, Politica, Planejamento e Gestão das Unidades de Conservação são instrumentos importantes para o uso sustentável, uma vez que, atua como barreira para a expansão urbana, 
Outro tema que vem causando problemas ambientais, e a exploração agropecuária, essa é uma conseqüência inevitável, a produção de alimentos vem aumentando de forma gradual, que necessita de áreas cada vez maiores para a produção. A questão do problema é que as atividades agropecuárias de certa forma, às vezes são feitas sem planejamento ambiental. Na região do Distrito Federal a realidade é que o cerrado vem sofrendo modificações no seu bioma durante anos por conta da expansão Agropecuária, segundo estudos da Secretária do Meio Ambiente (IBRAM) as culturas produzidas vêm causando desmatamento acelerado, assoreamento dos rios, esgotamento dos recursos hídricos e poluição por pesticidas e adubos químicos utilizados nas plantações. 
  • Em síntese, as características geomorfológicas principalmente de áreas planas nas chapadas com Dissecação intermediaria e vasto recurso hídrico, proporcionou a dinâmica de uso e ocupação do solo no Quadrilátero do Distrito Federal a capital federal possui problemas como qualquer outra metrópole do Brasil, de cidade planejada tornou-se uma cidade desorganizada, sem planejamento e como acúmulos de problemas socioambientais por falta de políticas publicas adequadas para o uso e ocupação do solo e conseqüentemente para a preservação do meio ambiente.
Segundo (Guerra e Cunha, 2011), O impacto ambiental não é, obviamente, só resultado (de uma determinada ação realizada sobre o ambiente): é a relação (de mudanças sociais e ecológicas em movimento), o conjunto de um processo, que não finaliza, mas se redireciona, com as ações mitigadoras. 
  • A solução para mitigar os impactos ambientais negativos que ocorre no Distrito Federal, são necessárias mudança de atitude para enfrentar importantes desafios.O primeiro determina buscar melhorar a qualidade de vida nas áreas já ocupadas, particularmente as grandes aglomerações urbanas em grande parte degradadas em termos de sobre-utilização de recursos naturais (água, por exemplo) para a provisão de infra-estrutura imprescindível à vida em todos os seus aspectos. O segundo consiste em garantir tanto a preservação, quanto a exploração competente dos recursos naturais remanescentes, na forma do manejo sustentável desses recursos,condição para que a expansão das áreas, hoje ainda não tão densamente ocupadas, se dê de maneira mais adequada. (Geo Brasil, 2002 )
O Modelo Racional:

O Método Racional, que é um modelo hidrológico de transformação de chuva em vazão, foi adaptado de modo a possibilitar uma melhor compreensão do comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica, podendo ser utilizado para quantificar e investigar as mudanças nos parâmetros hidrológicos, causadas pela alteração da cobertura superficial do solo, tais como: 
  • a) mudanças no comportamento de infiltração e armazenamento da camada superficial do solo;
  • b) variação do tempo de concentração da bacia;
  • c) mudanças no volume de escoamento superficial;
  • d) aumento das vazões de pico. 
A adaptação do Método Racional foi feita a partir do aprimoramento dos procedimentos que determinam os parâmetros necessários à aplicação da fórmula racional. Em relação à fórmula que lhe serviu de base, o método foi modificado nos algoritmos que envolvem a representação dos processos de escoamento superficial do terreno, considerando os seguintes aspectos: 
  • a) diversidade da cobertura superficial do terreno e a contribuição que cada parcela homogênea, corresponde dentro da área da bacia;
  • b) variabilidade espacial dos tipos hidrológicos do solo e da declividade do terreno;
  • c) retardamento do fluxo d’água por armazenamento na bacia, em função das declividades do terreno.
  • d) umidade antecedente do solo;
  • e) determinação do tempo de concentração para bacias urbanas de médio porte;
  • f) variabilidade espacial da precipitação através do cálculo da precipitação média na bacia.
No método proposto, além da realização da cartografia dos principais parâmetros envolvidos, objetivou-se também a quantificação do aumento do escoamento superficial e da vazão de pico, dentro de uma análise multitemporal e de uma projeção futura. 
  • Por ser de fácil aplicação e permitir o ajuste de seus parâmetros distribuídos espacialmente, a fórmula racional adaptada às necessidades de uma bacia de médio porte, possibilitou a comparação direta do aumento da vazão de pico com o aumento do coeficiente de escoamento superficial, gerados pela impermeabilização urbana.

Após fortes chuvas, rios transbordam e alagam cidades no sul e no leste da Alemanha.