sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os Transgênicos

Você sabe como identificar um alimento transgênico ou que 
utilize um alimento transgênico na composição?

  • Os transgênicos são organismos vivos modificados em laboratório, onde se altera código genético de uma espécie com introdução de uma ou mais sequências de DNA (genes), provenientes de uma outra espécie - sexualmente não compatíveis - por exemplo: introduzir fragmentos de DNA de bactérias/vírus no DNA do milho. 
Este(s) novo(s) gene(s) introduzido(s) nunca antes na Natureza pertenceram ao genoma dessa espécie e vão conferir-lhe uma "nova" característica e/ou fazer com que essa espécie produza "novas" substâncias/proteínas.
  • Organismos transgênicos são aqueles que receberam materiais genéticos de outros organismos, mediante o emprego de técnicas de engenharia genética. A geração de transgênicos visa obter organismos com características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. 
Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, quando foi desenvolvida a técnica do DNA recombinante. A manipulação genética combina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Assim podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais.
  • Frequentemente há uma certa confusão entre organismos transgênicos e Organismos Geneticamente Modificados (OGM), e os dois conceitos são tomados, de forma equivocada, como sinônimos. Ocorre que OGMs e transgênicos não são sinônimos. 
Todo transgênico é um organismo geneticamente modificado, mas nem todo OGM é um transgênico. OGM é um organismo que teve o seu genoma modificado em laboratório, sem todavia receber material genético (RNA/DNA) de outro organismo. Transgênico é um organismo foi submetido a técnica específica de inserção de material genético (trecho de RNA|DNA) de outro organismo (que pode até ser de espécie diferente).

Aplicações:
  • A primeira aplicação dos organismos transgênicos e dos organismos geneticamente modificados é a própria investigação científica. A expressão de um determinado gene de um organismo em outro organismo pode facilitar a compreensão da função desse gene. 
Desde a publicação da primeira bactéria transgênica, em 1973, os laboratórios de pesquisa têm utilizado, corriqueiramente, microrganismos transgênicos nas suas investigações. Posteriormente, organismos transgênicos, como plantas e animais, foram desenvolvidos para estudos, e também vários produtos obtidos a partir de transgênicos foram desenvolvidos e comercializados. 
  • O primeiro produto comercializado foi a insulina, produzida a partir de uma modificação da bactéria Escherichia coli, o final da década de 1970). Atualmente, alimentos transgênicos são utilizados para consumo animal e humano.
Alimentos transgênicos:
  • São alimentos produzidos a partir de organismos cujo embrião foi modificado em laboratório, pela inserção de pelo menos um gene de outra espécie. Alguns dos motivos de modificação desses alimentos são para que as plantas possam resistir às pragas (insetos, fungos, vírus, bactérias e outros) e a herbicidas. 
O mau uso de pesticidas pode causar riscos ambientais, tais como o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas e a poluição dos terrenos e lençóis de água. O uso de herbicidas, inseticidas e outros agrotóxicos pode diminuir com o uso dos transgênicos, já que eles tornam possível o uso de produtos químicos corretos para o problema. 
  • Uma lavoura convencional de soja pode utilizar até cinco aplicações de herbicida, enquanto que uma lavoura transgênica Roundup Ready (resistência ao herbicida glifosato) utiliza apenas uma aplicação.
Prevalência de culturas geneticamente modificadas:
  • É estimado que a área de cultivo deste tipo de variedades esteja com uma taxa de crescimento de 13% ao ano. A área total plantada é já superior a 100 milhões de hectares, sendo os principais produtores os Estados Unidos, o Canadá, o Brasil, a Argentina, a China e a Índia. 
Vários países europeus, entre os milhões de hectares de culturas transgênicas. As culturas prevalentes são as de milho, soja e algodão, baseadas principalmente na tecnologia Bt.
  • É necessário também diferenciar alimentos transgênicos de alimentos geneticamente selecionados, pois este segundo não foi parte de uma troca de genes com outra espécie, mas sim, a seleção de indivíduos com características favoráveis e sua reprodução em um meio artificialmente isolado.
Controvérsias:
  • Atualmente existe um debate bastante intenso relacionado à inserção de alimentos geneticamente modificados (AGM) no mercado. Alguns países, como o Japão, rejeitam fortemente a entrada desses alimentos, enquanto que outros países asiáticos, norte e sul-americanos permitem a comercialização de AGMs.
Desde 2004, após seis anos de proibição, a União Europeia autorizou a importação de produtos transgênicos. No dia 2 de março de 2010, a União Europeia aprovou o plantio de batata e milho transgênicos no continente, após solicitações dos Estados Unidos. 
  • A batata transgênica será destinada para a fabricação de papel, adesivos e têxteis. O milho atenderá a indústria alimentícia. Cada país da União Europeia poderá ser responsável pelo cultivo transgênico em suas fronteiras em votação marcada para o meio do ano.

A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, 
como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e 
sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos.

Polinização cruzada:
  • Uma das preocupações manifestadas para fazer em relação à utilização de plantas transgênicas prende-se com a possível polinização cruzada entre estas espécies com as existentes na natureza ou com culturas não modificadas. 
Vários estudos têm demonstrado que a existência de polinização cruzada é real, mas que diminui drasticamente com a distância à cultura transgênica. Abud et al. (2007) , num estudo realizado no Brasil, demonstraram que após 10 metros de distanciamento entre plantas de soja transgênica e soja convencional, a polinização cruzada é negligenciável. 
  • No caso do milho, Ma et al. (2004) referem que essa distância é de aproximadamente 30 metros. Tais dados levam a que, para a plantação de uma cultura transgênica, tenha que ser respeitada uma determinada distância de segurança em relação às culturas vizinhas. Os investigadores defendem que esta distância deve ser avaliada caso a caso devido às diferenças no tamanho, peso e meio de transporte dos diferentes grãos de pólen.
Uma outra controvérsia relacionada com a polinização cruzada foi a utilização da chamada tecnologia Terminator (em português Exterminador). Esta tecnologia baseia-se na adição, à planta em causa, de um gene que não permite a produção de pólen viável. 
  • Tal prática impediria a propagação do pólen transgênico, evitando cruzamentos com outras plantas, e foi amplamente condenada, por ser considerada como uma tentativa, por parte das empresas produtoras de sementes transgênicas, de impedir que os agricultores pudessem cultivar as plantas por mais que um ano e assim obrigá-los a comprar novas sementes, a cada novo plantio. .
Impacto na saúde humana/animal:
  • Várias informações contraditórias têm sido lançadas de diversos setores quanto aos potenciais danos que os organismos transgênicos possam provocar nos seus consumidores.
Em 1998, o investigador Árpád Pusztai e a sua equipe lançaram o pânico na Europa, ao afirmar que tinham obtido resultados que demonstravam o efeito nefasto de batata transgênica, quando presente na alimentação de ratos. 
  • Quando estes resultados foram publicados verificou-se que o referido efeito tinha sido devido ao transgêne inserido nessas batatas ser de uma lectina, que por si só tem um efeito tóxico no desenvolvimento dos mamíferos . 
Estes investigadores sofreram pesadas críticas da classe política e da comunidade científica em geral. No entanto, ainda há alguma controvérsia quanto à interpretação dos resultados destes autores, opondo organizações não governamentais a alguns cientistas.
  • Outro caso de um estudo acerca do potencial efeito de transgênicos na saúde pública foi o de Gilles-Eric Séralini, Dominique Cellier e Joël Spiroux de Vendomois (2007). Estes investigadores reavaliaram estatisticamente dados publicados anteriormente pela multinacional Monsanto, e declararam que a alimentação de ratos com milho transgênico MON863 provocou toxicidade hepática e renal, bem como alterações no crescimento. 
A European Food Safety Authority (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) aprovou o MON863 para consumo humano na União Europeia , baseando-se nas conclusões dos estudos entregues pela Monsanto. 
  • A Autoridade concluiu que as diferenças encontradas no estudo de Séralini et al. não eram biologicamente relevantes e que os métodos estatísticos utilizados neste estudo eram incorretos , pelo que não procedeu à reavaliação da aprovação. No entanto, até à data, nenhum outro estudo científico publicado colocou em questão as conclusões do estudo da equipa de Seralini.
Esta discussão acentuou a polêmica sobre quem deve ser responsável pela avaliação do impacto deste tipo de produtos. O facto de algumas avaliações serem feitas pelas próprias empresas que os produzem tem levantado grande indignação por parte de organizações ambientalistas. 
  • O Painel OGM responsável pela avaliação dos transgênicos da European Food Safety Authority foi também criticado por vários estados-membros, casos da Itália e a Áustria, que acusam este painel de cientistas de parcialidade.
Alergicidadade:
  • Algumas das críticas que os transgênicos têm recebido têm a ver com a potencial reação alérgica dos animais/humanos a estes alimentos. O caso mais conhecido foi a utilização de um gene de uma noz brasileira com vista ao melhoramento nutricional da soja para alimentação animal. 
A noz em causa era já conhecida como causadora de alergia em determinados indivíduos. O gene utilizado para modificação da soja tinha como função aumentar os níveis de metionina, um aminoácido essencial. Estudos realizados verificaram que a capacidade alergênica da noz tinha sido transmitida à soja , o que levou a que a empresa responsável terminasse o desenvolvimento desta variedade.
  • Mais recentemente, investigadores portugueses do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, e do Instituto Superior de Agronomia, entre outros, testaram a resposta alérgica de diversos pacientes à alimentação com milho e soja transgênica. Este estudo não detetou qualquer diferença na reação às plantas transgênicas, quando comparada com as plantas originais.
Fatores socioeconômicos:
  • Grande parte das polêmicas originadas com a questão dos transgênicos está diretamente relacionada a seu efeito na economia mundial. Países atualmente bem estabelecidos economicamente e que tiveram sua economia baseada nos avanços da chamada genética clássica são contra as inovações tecnológicas dos transgênicos. 
A Europa, por exemplo, possui uma agricultura familiar baseada em cultivares desenvolvidos durante séculos e que não tem condições de competir com países que além de possuir grandes extensões de terra, poderiam agora cultivar os transgênicos. 
  • Para além disso, localizam-se em espaço europeu muitas das empresas produtoras de herbicidas e pesticidas, que são peças importantes na aceitação ou não de variedades agrícolas que possam comprometer os seus negócios.
É também utilizado o argumento de que o cultivo de transgênicos poderia reduzir o problema da fome, visto que aumentaria a produtividade de variadas culturas, nomeadamente cereais. 
  • Porém, muitos estudos, inclusive o do ganhador do Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, Amartya Sen, revelam que o problema da fome no mundo hoje não é ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à injusta distribuição de alimentos em função da baixa renda das populações pobres. Dessa forma questiona-se a alegação de que a biotecnologia poderia provocar uma redução no problema da fome no mundo.
Utilização de compostos químicos:
  • Argumentos a favor dos transgênicos incluem a redução do uso de compostos como herbicidas, pesticidas, fungicidas, micro-fertilizantes (que por sua pequena estrutura, causam grande degradação do DNA Mitocondrial) e certos adubos, cuja acumulação pode causar sérios danos aos ecossistemas a eles expostos. 
As organizações ambientalistas questionam se os benefícios da utilização destas plantas poderia compensar os possíveis potenciais malefícios por elas causados, como foi atrás referido.
  • Um exemplo são as culturas baseadas na tecnologia Bt, resultante de um melhoramento por transgênia (incorporando genes da bactéria Bacillus thuringiensis) que confere à planta uma proteção natural a larvas de certos insetos, tornando praticamente desnecessário o controle destes por meio de pesticidas normalmente neurotóxicos, de alta agressividade ambiental, que em culturas não transgênicas são utilizados em larga escala. 
Tem sido posta em causa recentemente se esta tecnologia afetaria também insetos não-alvo, como abelhas e borboletas. No entanto, têm sido publicados alguns artigos científicos demonstrando que os insetos não-alvo são mais abundantes nos campos de plantas transgênicas do que nos campos convencionais sujeitos a pesticidas. 
  • Mas recentemente, um estudo de uma equipe de investigadores da Universidade de Indiana descobriu que o pólen e outras partes da planta de milho transgênico Bt são lixiviadas para os cursos de água perto de campos de milho até distâncias de 2 km, apresentando efeitos de toxicidade na mosca-da-água, que é um alimento importante para organismos superiores dos ecossistemas aquáticos, tais como os peixes e anfíbios.

Ultimamente, com o avanço da engenharia genética, vários estudos 
e trabalhos científicos tem demonstrado avanços significativos 
na manipulação de material genético de plantas 
e outros seres vivos.