terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Amanita Muscarina - Cogumelos Alucinógenos

Os cogumelos alucinógenos  são fungos com propriedades alucinógenas, 
utilizados por diversos povos em suas atividades culturais, 
bem como drogas recreativas, 

  • O Amanita muscaria, conhecido como agário-das-moscas ou mata-moscas (em Portugal também como rosalgar, mata-bois ou frades-de-sapo ) é um fungo basidiomiceto natural de regiões com clima boreal ou temperado do hemisfério norte. Possui propriedades psicoativas e alucinógenas em humanos. 
Segundo o psiquiatra Alfredo Cataldo Neto a literatura especializada aponta principalmente a presença de três componentes ativos, o ácido ibotênico, muscimol e a bufotenina. Este autor ainda aponta que os efeitos do uso deste fungo tem início cerca de 15 minutos após sua ingestão, quando o usuário pode apresentar vertigem, confusão mental, náusea e secura na boca. Este desconforto aos poucos vai dando lugar a um sono leve, no qual a pessoa experimenta visões e imagens oníricas. 
  • O pesquisador Robert Gordon Wasson sugeriu que o cogumelo está associado ao Soma, bebida sagrada dos Vedas, nos mais antigos textos religiosos. A bebida é citada nos hinos do Rigveda, que foi escrito por volta de 1700 a.C. – 1100 a.C., durante o período védico em Punjabe - e havia a presença de tais cogumelos, consumidos pelos xamãs da região. Wasson é o primeiro pesquisador a propor que a forma de intoxicação Védica era de natureza enteogênica.
Na cultura popular, cogumelos vermelhos com pontos brancos, como o Amanita muscaria, aparecem, por exemplo, no jogo Super Mario Bros., no filme Fantasia da Disney de 1940 e nas ilustrações do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, em que Alice aparece conversando com uma lagarta que está estendida sobre um Amanita muscaria enquanto fuma um narguilé, em visível insinuação psicodélica. Contudo, o cogumelo ilustrado por Tenniel não apresenta as verrugas brancas, nem Carrol o descreve de maneira a esclarecer sua espécie, deixando a interpretação a cargo do leitor.
  • O nome de cogumelo é dado para as frutificações de alguns fungos que pertencem as divisões Basidiomycota e Ascomycota. Essa frutificação é a estrutura que os fungos utilizam para a sua reprodução sexuada. Os cogumelos podem ser encontrados sob várias formas e cores.
Uma característica interessante dos cogumelos é que alguns deles são comestíveis como, por exemplo, Agaricus sylvaticus, Pleurotus spp e Agaricus blazei entre outros. Esses cogumelos são cultivados com cuidados especiais para que possam ser ingeridos sem problemas.
  • Alguns tipos de cogumelos são tóxicos podendo inclusive levar o homem a morte. Existem ainda cogumelos com propriedades medicinais como, por exemplo, o Penicillium a partir do qual foi criado o antibiótico penicilina. Outros cogumelos possuem propriedades psicoativas sendo conhecidos como alucinógenos.
Muitos povos utilizam esses cogumelos alucinógenos em rituais. O cogumelo psicoativo mais famoso do mundo é o Psilocybe cubensis, este é bastante utilizado em rituais no sul do México. O Amanita muscaria é utilizado em rituais na Sibéria.
  • Acredita-se que existem no planeta cerca de 1,5 milhão de espécies de cogumelos, dentre os quais alguns são venenosos ou alucinógenos. Como os cogumelos são bastante semelhantes e não existe nenhuma característica física que denuncie que existe algo errado com qualquer um deles não se deve confiar no julgamento apenas do olhar.
Além disso, nem 5% das espécies de cogumelos existentes estão classificadas na literatura biológica. Dessa forma nem mesmo um especialista em fungos tem como ter certeza se o cogumelo que encontrou no meio de uma floresta é venenoso ou alucinógeno. Pode ser quem um cogumelo nocivo se pareça muito com um cogumelo normal, sendo assim desconfie sempre.

Taxonomia e nomenclatura:
  • O nome popular do cogumelo em muitos idiomas europeus faz referência ao uso como insecticida quando aspergidos no leite. Esta prática foi gravada a partir de peças de língua eslava e germânica da Europa, bem como na região de Vosges e em outros lugares na França e Romênia. 
Albertus Magnus foi o primeiro a gravá-la em sua obra De vegetabilibus algum tempo antes de 1256, comentando vocatur fungus muscarum, e o quod in lacte pulverizatus interficit muscas, ele o chama de cogumelo mosca, pois é polvilhado no leite para matar moscas.O botânico flamengo Carolus Clusius do século XVI introduziu a prática de aspersão em leite para Frankfurt, na Alemanha, enquanto Carl Linnaeus, o "pai da taxonomia", relatou a partir de Småland, no sul da Suécia, onde viveu quando era criança. Descreveu-o em dois volumes da sua obra Species Plantarum, em 1753, dando-lhe o nome de Agaricus muscarius, o epíteto específico latino musca significa mosca. 
  • Ele ganhou seu nome atual em 1783, quando colocado no gênero Amanita por Jean-Baptiste Lamarck, um nome sancionado em 1821 pelo "pai da micologia", o naturalista sueco Elias Magnus Fries. A data de início para toda a micota havia sido definido por acordo geral como 1 de janeiro de 1821, a data da obra de Fries, e por isso o nome completo ficou então Amanita muscaria (L.:Fr.) Hook. A edição 1987 do Código Internacional de Nomenclatura Botânica mudou as regras sobre a data de início e de trabalho principal para nomes de fungos, e os nomes já podem ser considerados válidos, já em 1º de maio de 1753, data da publicação da obra de Linnaeus. Assim, Lineu e Lamarck agora são tomados como nomeadores de Amanita muscaria (L.) Lam.
O micologista inglês John Ramsbottom informou que Amanita muscaria foi usado para se livrar de insetos na Inglaterra e na Suécia, e "bug agaric" era um antigo nome alternativo para a espécie. Já o especialista francês Pierre Bulliard relatou ter tentado, sem sucesso, reproduzir as propriedades inseticidas na sua obra Histoire des plantes vénéneuses et suspectes de la France (1784), e propôs um novo nome binomial Agaricus pseudo-aurantiacus por causa disto. Um composto isolado a partir do fungo é a 1,3-dioleina, que atrai insetos. Foi a hipótese de que as moscas intencionalmente procuram o cogumelo por suas propriedades intoxicantes. 
  • Uma derivação alternativa propõe que o termo não refere-se aos insetos em si, mas sim ao delírio resultantes do consumo do fungo. Isto é baseado na crença medieval que as moscas poderiam entrar a cabeça de uma pessoa e causar algum tipo de doença mental. Vários nomes regionais parecem estar ligados com essa conotação, ou seja, significando "louco" ou "tolo" do conceituado cogumelo comestível Amanita caesarea. Portanto, há o "oriol foll" em catalão, "mujolo folo" de Toulouse, concourlo fouolo do departamento de Aveyron no sul da França, "ovolo matto" de Trentino, na Itália. O nome num dialeto local em Fribourg, na Suíça, é "tsapi de diablhou", que se traduz como "chapéu do diabo".
Classificação:
  • Amanita muscaria é a espécie tipo do gênero. Por extensão, é também a espécie tipo de subgênero Amanita Amanita, bem como da seção Amanita dentro desse subgênero. O subgênero Amanita Amanita inclui todos os Amanita com esporos não-amiloides. Amanita secção Amanita inclui as espécies que possuem remanescentes de véu universais muito desiguais, incluindo uma volva que é reduzida a uma série de anéis concêntricos e os restos de véu sobre o chapéu para uma série de manchas ou verrugas. 
A maioria das espécies deste grupo também têm uma base bulbosa. A seção Amanita Amanita é composta por A. muscaria e seus parentes próximos, incluindo A. pantherina (o chapéu de pantera), A. gemmata, A. farinosa, e A xanthocephala. 
  • Os taxonomistas fúngicos modernos classificaram Amanita muscaria e seus aliados dessa forma com base na morfologia e nos esporos não-amiloides. Dois recentes estudos filogenéticos moleculares confirmaram esta classificação como natural. Amanita muscaria varia consideravelmente em sua morfologia, e muitas autoridades reconhecem várias subespécies ou variedades dentro da espécie. 
Na obra The Agaricales in Modern Taxonomy, o micologista alemão Rolf Singer listou três subespécies, embora sem descrição: A. muscaria ssp. muscaria, A. muscaria ssp. americana, e A. muscaria ssp. flavivolvata. Os especialistas contemporâneas reconhecer até sete variedades:
  • Muscaria, a típica variedade manchada de vermelho e branco. Algumas autoridades, como Rodham Tulloss, utilize este nome apenas para as populações da Eurásia e do oeste do Alasca.
  • Flavivolvata é vermelha, com verrugas amarelas para branco-amareladas. Pode ser encontrada desde o sul do Alasca através das Montanhas Rochosas, através da América Central, todo o caminho até Colômbia Andina. Rodham Tulloss usa esse nome para descrever tudo "típico" A. muscaria das populações indígenas do Novo Mundo.
  • Alba, um fungo raro, tem um chapéu de cor branca a branca prateada com verrugas brancas, mas é semelhante à forma habitual de cogumelo.
  • Formosa, tem um chapéu amarelo a amarelo-alaranjado com verrugas amareladas e um tronco que pode estar bronzeado. Algumas autoridades (cf. Jenkins) usam este nome para todos os A. muscaria dom undo que se encaixam nessa descrição, já outros (cf. Tulloss) restringem seu uso para as populações da Eurásia.

Molécula de Muscimol 

Toxicidade:
  • Amanita muscaria contém vários compostos químicos biologicamente ativos, pelo menos um deles, o muscimol, já foi identificado como tendo propriedades psicoativas. O ácido ibotênico, uma neurotoxina, é um precursor do muscimol, de modo que aproximadamente 10 a 20 % do que é ingerido é convertido depois a muscimol. 
A dose tóxica em adultos é de aproximadamente 6 mg de muscimol ou 30 a 60 mg de ácido ibotênico; quantidade geralmente encontrada em apenas um único corpo de frutificação da espécie. A quantidade e a proporção de compostos químicos por cogumelo varia muito de região para região e nas diferentes estações do ano. Na primavera e no verão, os cogumelos acumulam até 10 vezes mais ácido ibotênico e muscimol do que no outono.A maioria dos casos de envenenamento por Amanita muscaria acontece devido à ingestão acidental por crianças pequenas, e nas pessoas que utilizam o cogumelo para ter uma experiência alucinógena. Ocasionalmente, é consumido por engano, já que os espécimes jovens podem ser confundidos com fungos comestíveis. As características manchas brancas podem sair após um chuva forte e o cogumelo fica parecido com o inofensivo A. caesarea.
  • A dose fatal foi calculada como 15 cogumelos. Mortes por este fungo foram relatados em artigos e reportagens de jornais antigos, mas com o tratamento médico moderno, o envenenamento fatal após a ingestão desses cogumelos tornou-se extremamente raro. Muitos livros mais antigos listas o Amanita muscaria como "mortal", mas essa visão é um tanto exagerada, pois implica que o cogumelo é mais tóxico do que realmente é. 
A Associação Norte-Americana de Micologia declarou que não houve mortes documentadas de forma confiável provocadas pelo consumo deste cogumelo durante o século XX. A grande maioria (90% ou mais) das mortes por intoxicação de cogumelos são provocadas pela ingestão de A. phalloides, uma espécie com o chapéu esverdeado a amarelado conhecido nos países de língua inglesa como "death cap". Algumas espécies de cogumelos branco do gênero Amanita, conhecidos como anjos destruidores, também são causas frequentes de mortes.
  • Os componentes ativos desta espécie são solúveis em água, de modo que quando fervidos e, em seguida, descartando a água de cozimento, desintoxica, pelo menos em parte. A secagem pode aumentar a potência, na medida em que o processo facilita a conversão do ácido ibotênico para o muscimol, composto mais potente. Segundo algumas fontes, após onze desintoxicações, o cogumelo se torna comestível.
O Muscimol:
  • Do verbo Latin Morscimolyus Psycodenadyos é uma substância psicoativa encontrada em cogumelos. Causa variação no sistema nervoso com duração de cerca de 12 horas. Os primeiros minutos a pessoa sente desconforto, agitação extrema, prazer sexual. Seu uso pode causar edema cerebral com lesões na região central e frontal. 
Após seu uso a pessoa sente dormência corporal e grande dor de cabeça, em alguns casos o sangramento nazal. Essa substancia com principios psicoativos é usada na elaboração do acido encontrado em alguns típos de LSDs porem é natural. Seus efeitos causa variação na visão, alucinações, e perda de memoria. Seu uso não é letal desde que não seja exagerado.

Farmacologia:
  • Acreditava-se que a muscarina, descoberta em 1869, era o agente ativo alucinógeno presente em A. muscaria. A muscarina liga-se com receptores de acetilcolina muscarínicos, levando a excitação dos neurônios que ostentam estes receptores. 
Os níveis de muscarina em Amanita muscaria são ínfimos, quando comparado com outros fungos venenosos: como Inocybe erubescens, as espécies brancas e pequenas do gênero Clitocybe C. dealbata e C. rivulosa. O nível de muscarina em A. muscaria é demasiado baixo para desempenhar um papel nos sintomas de intoxicação.

Representações culturais:
  • O cogumelo vermelho com manchas brancas é uma imagem comum em muitos aspectos da cultura popular. Enfeites de jardim e livros ilustrados para crianças retratando gnomos e fadas, como os Smurfs, muitas vezes mostram o fungo sendo usado ​​como bancos ou casas. Amanita muscaria tem sido destaque em pinturas desde o Renascimento, ainda que de forma sutil. 
Na era Vitoriana se tornou mais visível, tornando-se o principal tema de algumas pinturas de fadas. Dois dos mais famosos usos do cogumelo estão no vídeo-game da série Super Mario Bros, e a sequência do cogumelo dançando no filme da Disney Fantasia de 1940.

Amanita Muscarina