terça-feira, 24 de junho de 2014

Justicia pectoralis - Anador

Justicia pectoralis - Anador

  • Justicia pectoralis Jacq., Acanthaceae, é uma erva conhecida popularmente no Nordeste como chambá e, utilizada tradicionalmente no tratamento de doenças do trato respiratório, como a asma, tosse e bronquite. 
Essa espécie encontra-se na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS. O objetivo do presente estudo foi elaborar protocolo para a preparação da droga vegetal a partir de J. pectoralis e realizar a sua caracterização visando seu emprego como matéria-prima farmacêutica. 
  • A parte aérea de J. pectoralis, após secagem em estufa com circulação e renovação de ar (35 °C) durante diferentes períodos de tempo (1-5 dias) mostrou a partir de 24 h de secagem um teor de umidade abaixo do valor máximo permitido para drogas vegetais. O pó da droga vegetal foi classificado como pó moderadamente grosso e, caracterizado quanto aos teores de cinzas totais, extrativos solúveis em água e etanol. 
Análise do extrato hidroalcoólico (etanol 20%) de J. pectoralis por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE-DAD) determinou um teor de cumarina e umbeliferona de 16,2 e 0,81 mg/g da droga vegetal, respectivamente. 
  • As condições de preparação da droga vegetal e os parâmetros de controle de qualidade determinados para J. pectoralis no presente estudo são de interesse no desenvolvimento de fitoterápicos que empreguem esse matéria-prima ativa.
O Melhoral é uma planta trepadeira ou rasteira com ramos finos que enraízam facilmente nos nós. Folhas opostas e lanceoladas com pecíolos um pouco ondulados. Flores em panículas e tubulares com 2 lábios pubescentes de cor branca, lilás ou rosa por vezes pontilhada de roxo escuro. Sementes são achatadas e aveludadas e se formam em cápsulas. A variedade stenophylla foi originalmente usado pelos povos indígenas da Colômbia e bacia do Amazonas. 
  • Várias tribos indígenas adicionavam o pó das folhas secas ao pó das sementes da Virola thetodora produzindo assim um rapé alucinógeno.Suas folhas e caules contém cumarina, um anticoagulante, e DMT, um alucinógeno. É largamente utilizada como planta medicinal na América do Sul e também é usado em rapés sagrados (feitos com as sementes de duas espécies de Virola, ambas nativas da Amazônia) por ter aroma semelhante ao de baunilha.
A planta contem betaína, cumarina e unbclliferone, além de DMT, um composto alucinógeno da família das triptaminas. Ramos do Melhoral são vendidos em feiras. As pessoas utilizam-se como sedativo e chá expectorante. No Panamá toma-se o chá para aliviar asias e dores nas pernas. Em Porto Rico se produz um xarope expectorante famoso produzido a partir do Melhoral. 
  • Em Guadalupe e Martinica um extrato é utilizado como digestivo e misturado com óleo vegetal é um remédio para o pulmão. As folhas são utilizadas como curativo sobre feridas. Em Trinidad, o xarope à base de Melhoral é usado para tosse, bronquite, gripe, febre e náuseas.
De fácil propagação, cresce em clima tropical e subtropical, locais onde pode tornar-se espontânea. As folhas ficam amareladas quando é cultivado em pleno sol e tornar-se verde escuro quando na sombra. Não sobrevive a geadas.

Propriedades Botânicas:
Nome Científico: 
  • Justicia pectoralis var. stenophylla Leon ( Acanthaceae ).
Sinonímia: 
  • Trevo-cumaru, anador.
Origem ou Habitat: 
  • Nativa da região tropical da América (Alonso, 2004; Gupta, 1995).
Herbácea perene, suberecta, ascendente, com até 60 cm de altura, com ramos delgados, caule com pelos curtos e engrossamento na região dos nós. Folhas inteiras, simples, opostas, lanceoladas ou ovado-lanceoladas, de 3 a 10 cm de comprimento, sem pelos, acuminadas, com a base estreita e obtusa, com 0,7 a 2 cm de largura. 
  • Flores irregulares, com corola violácea, disposta em panículas terminais. Possui cápsula comprimida e estipitada. Multiplica-se por estaquia ou replantando-se pequenos ramos já enraizados (Matos, 2000). 
Lorenzi & Matos (2002) e Matos (2000) descrevem em seus livros uma variedade botânica desta espécie, a Justicia pectoralis var. stenophylla Leon., enquanto Alonso (2004) e Gupta (1995) descrevem monografias mais completas sobre Justicia pectoralis Jacq. Ambas possuem os mesmos fins, sendo esta última também nativa da região tropical e conhecida por “chambá-falso” (Lorenzi & Matos, 2002). 
  • Alonso (2004) coloca que a incorporação da variedade stenophylla deve-se a suas qualidades aromáticas.
Família: 
Acanthaceae.

Sinônimos botânicos: 
  • Jacq.: Dianthera pectoralis (Jacq.) J.F. Gmel.,Dianthera pectoralis (Jacq.) Murray, Ecbolium pectorale (Jacq.) Kuntze,Procalmadiol pectorale (Jacq.) Bremek., Rhytiglossa pectoralis (Jacq.) Nees, Stethoma pectoralis (Jacq.) Raf.
Nomes populares: 
  • anador, chambá, cerebril, carpinteiro, erva-de-santo-antonio, peristrofe, pingo-de-ouro, trevo-do-pará, trevo-cumarú, té criollo (Cuba)
  • Hábito de crescimento: Erva.
Propagação: 
  • Filhação e plantio de ramos enraizados.
Forma de cultivo:
Canteiros.
Distância entre plantas: 30 cm x 30 cm.
Adubação:10 kg de composto orgânico ou esterco bem curtido e peneirado para cada m².
Irrigação: Diária e só no tronco.
Colheita e secagem: quando começar a florar, cortar quase rente ao chão. Após cada colheita fazer adubação de cobertura, usando esterco bem curtido e peneirado.

Justicia pectoralis - Anador

Propriedades Químicas: 
  • Possui flavonóides como swertisina, swertiajaponina, ramnosil-2-swertisina e ramnosil-2-swertiajaponina. Contém traços de alcaloides indólicos, cumarina, dihidrocumarina, umbeliferona, beta-sitosterol, lignanas (justicina B, justicidina), betaína, ácidos palmítico e esteárico, ácido dihidroxifenilpropionico, beta-escopoletina e os seguintes aminoácidos: ácidos alfa e gama-aminobutírico, alanina, fenilalanina, glicina, hidroxiprolina, isoleucina, leucina, lisina, ornitina, prolina, serina, treonina, valina (Alonso, 2004), fosfoserina, asparagina (Gupta, 1995). Possui ainda N-metiltriptamina, N,N-dimetiltriptamina e vascina (Gupta, 1995). 
Em Cuba, a análise fitoquímica das partes aéreas registrou cumarinas (dihidrocumarina e umbeliferona); flavonóides (flavonas glicosiladas); saponinas; taninos; antraquinonas; betaína; aminoácidos; B-sitosterol e compostos fenólicos.
  • Análise proximal de 100 g de folhas: calorias (44), água (85 g), proteína (3,9 g), gorduras (0,6 g), carboidratos (8,2 g), fibras (2,8 g), cinzas (2,3 g), cálcio (663 mg), ferro (7,4 mg), potássio (35 mg), caroteno (2.670 microg), tiamina (0,04 mg), riboflavina (0,2 mg), niacina (2,5 mg), ácido ascórbico (28 mg). Também foram reportados os seguintes oligoelementos: manganês, níquel, escândio e vanádio (Alonso, 2004).
Em algumas variedades foi encontrado: ácido salicílico, álcool alifático, aminas aromáticas, esteróis, quempferol, triptaminas.

Propriedades medicinais: 
  • Planta muito utilizada para problemas respiratórios como inflamações pulmonares, tosse, como expectorante, sudorífica (Lorenzi & Matos, 2002) e útil em crises de asma, bronquite e chiado no peito (Matos, 2000). Usada, principalmente em Cuba, como sedante (sendo seu uso mais comum neste país). 
No ano de 1990 a planta foi incluída em uma Resolução Oficial do Ministério da Saúde Pública de Cuba que autoriza seu uso como sedante do sistema nervoso nas Unidades de Saúde. No Haiti, as folhas são usadas para dores no estômago, e na Costa Rica é utilizada para tirar o catarro do pulmão (Gupta, 1995), enquanto em outras regiões do Caribe a planta inteira, macerada, é aplicada sobre ferimentos e torções (Alonso, 2004). 
  • Na região Amazônica, as folhas do chambá são utilizadas em rituais pelos indígenas como um aditivo e aromatizante de misturas alucinógenas usadas em rapés. Empregada também como medicação contra reumatismo, cefaléia, febre, cólicas abdominais, como afrodisíaca (Lorenzi & Matos, 2002) e contra coqueluche (Drescher, 2001).
Adstringente, analgésica, antibacteriana, antiinflamatória, afrodisíaca, anti-reumática, anti-hemorrágica das vias urinárias, béquica, broncodilatadora, cicatrizante, catamenial, expectorante, febrífuga, peitoral, relaxante da musculatura lisa, sedante nervoso, sedativa, tranquilizante.

Benefícios do melhoral:
  • As folhas e ramos da planta melhoral são utilizados em forma de extrato, chá, suco, xaropes e óleo vegetal. O xarope e o chá de melhoral servem para o tratamento natural para a tosse, bronquite, febre, gripes e náuseas. 
O óleo vegetal misturado ao macerado das folhas é digestivo. O extrato das folhas tem uso tópico para feridas e dermatites. A finalidade mais conhecida e difundida da melhoral é como expectorante na forma de chás, que deve ser tomados de 2 a 3 vezes por dia pelo paciente em estado de gripe ou resfriado.
  • A melhoral possui triptaminas, substâncias com potencial alucinógeno baixo. Outros constituintes da planta de importância medicinal são a cumarina (anticoagulante) e a umbeliferona, que juntas apresentam ação relaxante da musculatura lisa e anti-inflamatória. As cumarinas conferem à melhoral um odor agradável semelhante à baunilha, reforçando o efeito calmante. 
Estes efeitos aliviam os sintomas de mal estar e dores generalizadas características de quadros de gripe e resfriados. As preparações à base de melhoral podem ser ingeridas ou usadas em forma de banhos.

Indicações:
  • Afecção nervosa, afta, dermatite, catarro bronquial, corte, ferida, fígado, gastralgia, gogo de aves, gota, insônia, vias respiratórias.
Parte utilizada:
  • Folhas, ramos, flores.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: 
  • Doses altas testadas em modelos animais não demonstraram sinais de toxicidade. Pode causar sonolência, dor de cabeça e enjoos. 
O emprego medicamentoso desta planta deve ser feito com cuidado de evitar o uso das folhas secas quando mal conservadas pelo risco de haver modificação química da cumarina, promovida por fungos, que podem transformá-la em dicumarol, substância que causa grave hemorragia por impedir a coagulação do sangue, usada inclusive em veneno para ratos (Lorenzi & Matos, 2002). 
  • Por conter substâncias anticoagulantes, a melhoral deve ser utilizada com cuidado por pessoas com problemas de coagulação. O melhoral, por conter em pequena quantidade substâncias chamadas triptaminas, deve ter o consumo moderado, visto que as triptaminas têm potencial alucinógeno.
Contra-indicações/cuidados: 
  • Alucinógeno em doses elevadas.
Em razão da falta de informações sobre a inocuidade da planta em situações como gravidez e lactação, não se recomenda o uso desta planta nestas situações (Alonso, 2004).
Não consumir por mais de 30 dias consecutivos.

Propriedades farmacológicas: 
  • Em um estudo clínico duplo cego, que utilizou cápsulas do extrato aquoso liofilizado da planta em um grupo de pacientes e cápsulas de diazepam no grupo controle, comprovou-se o efeito sedante da planta e não se observou efeitos secundários nos pacientes tratados. 
Foram também reportadas atividades antibacteriana, relaxante da musculatura lisa, antagonista de serotonina e redutora de atividade espontânea (Gupta, 1995). 
  • Tanto a decocção das partes aéreas da planta em estado fresco como a infusão das partes aéreas em estado seco demonstraram atividade sedante em humanos adultos. Tendo em conta o emprego popular como alucinógeno, constatou-se em 10 pessoas normais, tratadas com a decocção das partes aéreas, modificações eletroencefalográficas significativas e sugestivas de atividade neurotrópica (Alonso, 2004). 
O extrato da planta possui ação broncodilatadora, analgésica e anti-inflamatória comprovada experimentalmente, justificando seu uso popular nos tratamentos de crises de asma, tosse, bronquite e chiado no peito (Matos, 2000). 
  • A cumarina extraída da planta tem atividade anti-inflamatória e cicatrizante comprovada (Gupta, 1995). A planta possui ação inseticida sobre o mosquito Aedes aegypti (Chariandy, et al., 1999).
Interações medicamentosas: 
  • Não deve ser usada conjuntamente com anticoagulantes ou em pacientes com transtornos circulatórios.

Justicia pectoralis