quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Grande Nevoeiro de 1952

O Grande Nevoeiro de 1952 

Londres é conhecida, entre inúmeras outras coisas, por seus dias nublados. Apesar dos londrinos normalmente dizerem que a cidade não é tão nebulosa assim, o verão de 2012 viu uma quantidade recorde de nevoeiro com fumaça na capital da Inglaterra.
  • Devido ao “histórico” da cidade, esse fato pode ser preocupante. Estamos falando da década de 50, na qual estima-se que milhares de mortes ocorreram durante cinco dias em que uma fumaça tomou toda Londres, evento que ficou conhecido como “O Grande Nevoeiro”.
Em 1952, fumaça era parte de viver na cidade. Com o frio, queima de carvão era um tanto quanto comum. Além disso, a indústria estava a todo vapor e os carros eram cada vez mais comuns.
  • O que ninguém esperava era que o crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes estivesse prestes a cobrar seu preço.
Na noite de 5 de dezembro de 1952, um anticiclone estava se formando acima de Londres. Anticiclone é uma área de alta pressão que impede que ar de fora flua para dentro. Isso permitiu que uma “tampa de ar quente” se mantivesse sobre Londres, sem deixar nenhum outro ar entrar.
Quando o ar está frio, as fumaças de chaminé quentes sobem rapidamente até que se esfriam e se dispersam na atmosfera superior. Já uma atmosfera de ar quente impede que essa fumaça suba e se esfrie.
  • O que aconteceu em Londres, então, foi resultado do acaso e do descaso: enquanto o anticiclone impedia novo ar de entrar, o ar quente no chão [da poluição] impedia a fumaça de sair.
O Nevoeiro de 1952, conhecido também como Big Smoke, foi um período de severa poluição atmosférica, entre os dia 5 e 9 de dezembro de 1952 que encobriu a cidade de Londres. O fenômeno foi considerado como um dos piores impactos ambientais até então, sendo causado pelo crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes. Acredita-se que o nevoeiro tenha causado a morte de 12.000 londrinos, e deixado outros 100.000 doentes.
  • No próprio 5 de dezembro, a visibilidade já caiu a poucos metros. A 7 de dezembro, a visibilidade chegou a apenas 30 centímetros. O dióxido de enxofre e outros poluentes se misturavam com partículas de água para formar ácido sulfúrico e clorídrico, que queimavam os olhos e os pulmões das pessoas. A fumaça tornou impossível para as pessoas andar de carro, e os veículos foram simplesmente abandonados nas estradas.
História:

Em dezembro de 1952, uma frente fria chegou a Londres e fez com que as pessoas queimassem mais carvão que o usual no inverno. O aumento na poluição do ar foi agravado por uma inversão térmica, causada pela densa massa de ar frio. O acúmulo de poluentes foi crescente, especialmente de fumaça e partículas do carvão que era queimado.
  • Devido aos problemas econômicos no pós-guerra, o carvão de melhor qualidade para o aquecimento havia sido exportado. Como resultado, os londrinos usaram o carvão de baixa qualidade, rico em enxofre, o que agravou muito o problema.
O nevoeiro resultante, uma mistura de névoa natural com muita fumaça negra, tornou-se muito denso, chegando a impossibilitar o trânsito de automóveis nas ruas. Muitas sessões de filmes e concertos foram canceladas, uma vez que a plateia não podia ver o palco ou a tela, pois a fumaça invadiu facilmente os ambientes fechados.

Saúde pública:

  • A 6 de dezembro, 500 pessoas já haviam morrido, e as ambulâncias pararam de circular. Havia muitos carros abandonados na estrada, e a visibilidade era tão ruim que a equipe de resgate tinha que andar na frente de seus veículos para chegar a qualquer lugar. Milhares de pessoas caminhavam até os hospitais, chegando ofegantes, com lábios azuis devido à asfixia.
Inicialmente, não houve pânico, pois os nevoeiros em Londres, conhecidos por fogs, são comuns e famosos. Porém, nas semanas seguintes as estatísticas compiladas pelos serviços médicos descobriram que o nevoeiro já havia matado 4.000 pessoas. A maioria das vítimas foram crianças muito novas, idosos e pessoas com problemas respiratórios pré-existentes. As mortes, na maioria dos casos, ocorreram em consequência de infecções do trato respiratório, causada por hipóxia, e também pela obstrução mecânica das vias respiratórias superiores por deposição de secreções causada pela fumaça negra e afecções.
  • A 9 de dezembro, quando 900 pessoas já haviam morrido, um vento de repente passou pela cidade, finalmente dissipando o nevoeiro.
Por conta disso, a lista de mortes oficial contém cerca de 4.000 pessoas. Certamente, essa lista ignora muitas mortes, por exemplo, de doentes que viveriam se tivessem sido capazes de respirar, de pessoas cujos pulmões foram destruídos e que ainda estavam morrendo por asfixia em hospitais depois que a fumaça havia dissipado, etc.
  • As infecções de pulmão eram principalmente broncopneumonia ou bronquite aguda. Um total de 8.000 pessoas morrem nas semanas e meses seguintes.
Meio ambiente:

O grande número de mortes deu um importante impulso aos movimentos ambientais, e levou a uma reflexão acerca da poluição do ar, pois a fumaça havia demonstrado grande potencial letal. Então, novas regulamentações legais foram baixadas, restringindo o uso de combustíveis sujos na indústria e banindo a fumaça negra. Nos anos seguintes, uma série de normas legais como o Clean Air Act 1956 e o Clean Air Act 1968, restringiram a poluição do ar.
  • O carvão além de enxofre contém metais pesados e altamente tóxicos como mercúrio, cádmio, níquel, arsênio, entre outros.
Além desses inúmeros perigos ambientais, havia os humanos também. Como as forças policiais ficaram praticamente paralisadas, e as pessoas andando na rua não podiam ver mais do que um palmo na sua frente, ladrões atacaram e roubaram pessoas, ou invadiram casas com impunidade.
O governo, que havia ignorado os protestos ambientais em 1920 e apoiado indústrias que soltavam pilhas de fumaça com dióxido de enxofre na atmosfera, demorou a assumir qualquer culpa.
Quando ficou óbvio que alguém teria que ser responsabilizado pelo que aconteceu, eles estabeleceram diretrizes rigorosas quanto ao que poderia ser considerado uma fatalidade relacionada ao nevoeiro.
  • Ainda assim, o evento absurdo serviu para alguma coisa: ao longo dos próximos anos, o governo criou uma regulamentação ambiental justamente para evitar qualquer fenômeno parecido.
Estima-se que 12.000 pessoas morreram devido diretamente à poluição atmosférica. Muitos mais (talvez cerca de 100.000) ficaram doentes e morreram mais tarde provavelmente devido aos quatro dias de gás venenoso que enfrentaram.
Para o ser humano, muitas vezes é difícil perceber que jogar um lixo no chão pode voltar para lhe assombrar depois. O Grande Nevoeiro de Londres é a prova disso.
  • Poluição do ar causa problemas de coração e cérebro
  • Poluição atmosférica pode aumentar casos de diabetes

Grande Nevoeiro de 1952 - Londres