terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Consumismo e a Sustentabilidade

O Consumo e a Sustentabilidade

  • Qual é o papel do consumo na sociedade ocidental? Muitos dos autores que trataram desta temática não tinham em mente a questão ambiental especificamente; as posições variam de uma tentativa de contribuição mais realista à teoria do comportamento do consumidor, no caso dos autores da área econômica, ou de demonstrar que o padrão de consumo deve ser visto sobretudo como expressão mais forte das relações sociais no interior do sistema capitalista, numa visão mais sociológica. Qualquer que seja a vertente adotada, a contribuição desses vários autores é de grande valia para a discussão das consequências ecológicas e sociais do padrão de consumo moderno. 
Faz-se necessário desconstruir o pressuposto chave da Economia que considera bem-estar e consumo de bens como sinônimos; desconstruir a ideia de que a demanda depende apenas da renda, desconsiderando, dessa forma, os desejos e interesses socialmente construídos. 
  • Para a teoria econômica o consumo de bens tem a finalidade de suprir as necessidades de reprodução do homem como indivíduo social, além das suas necessidades físicas mais vitais. Nunca foi um objeto privilegiado da Economia o estudo das varições qualitativas no consumo; a intensificação e generalização do consumo conspícuo no pós-guerra, por exemplo, não encontra sua explicação nas teorias de comportamento do consumidor. 
Se observarmos a evolução dessa ciência notamos que a partir do século XVII houve um direcionamento das explicações dos fatos econômicos para o ''paradigma produtivo", deixando de lado as teorias que se baseiam na lógica da demanda. 
  • Por meio da crítica à construção lógica de que a aquisição de uma gama superior de bens leva a um nível maior de felicidade, pretende-se dar abertura para urna discussão mais significativa do padrão de consumo dentro da teoria econômica, questão essencial quando se pensa a crise ambiental que enfrenta a sociedade moderna. 
A estrutura dessa argumentação reúne as formulações sobre a formação das necessidades que conformam esse padrão de consumo, se utilizando de autores que se expressam tanto pela lógica econômica quanto pela lógica social e psico-social, e pretende contribuir para a formulação de novos conceitos que ajudem no entendimento da relação do homem moderno com o meio-ambiente e, dessa forma, possibilitar sua mudança. 
  • A conclusão reforçará a argumentação da inviabilidade ecológica do padrão de consumo ocidental, mas também sua inviabilidade social, trazendo à tona, inevitavelmente, algumas questões sociológicas que, dado seu grau de complexidade e a delimitação do objeto desse trabalho, não serão aprofundadas. 
As grandes somas gastas com publicidade e o estímulo representado pelo rápido avanço tecnológico têm o papel de criar constantemente insatisfação e mecanismos sociais de transformação de bens supérfluos em bens de primeira necessidade. São esses mecanismos de criação de insatisfação pessoal os principais elementos que distanciam bem-estar e crescimento produtivo. 
  • O consumo desenfreado, componente desta ilusão utilitarista que ronda o ideário ocidental, tem a função social de prover uma "liberdade" compensatória para a rotina alienante da jornada de trabalho, ao mesmo tempo que representa uma tentativa constante de identificação social e pessoal.
 Em uma sociedade cada vez mais padronizada em suas respostas institucionais, o consumo representa uma forma de privatização da vida moderna, uma fuga da "cultura do público", uma forma de readquirir intimidade e reafirmar participação dentro da sociedade, ainda que, paradoxalmente, isto se dê através de escolhas inseridas em padrões também pré-estabelecidos. (Friedman, 1994) 
  • A desvinculação entre consumo e bem-estar afeta sobremaneira um pressuposto muito importante dentro da Economia. O crescimento econômico e o aumento das forças produtivas sempre foram o objeto preferencial dessa ciência que, durante muito tempo, carregou o rótulo de "ciência da escassez". Notamos, entretanto, que essa lógica presente na constituição da Economia enquanto ciência, ainda permanece como fio condutor de seus processos internos e discussões teóricas. 
"Os economistas, sejam eles marxistas ou liberais, pensam todos no fundo a mesma coisa. A única causa do mal no mundo, da violência, do vício e da miséria é a escassez. As necessidades naturais, a dominação das coisas suspendem a moral. Os homens não escolhem o mal contra o bem. Simplesmente não escolhem. A parcimônia da natureza condena-os à guerra. Ora, a raridade, que é fonte da violência, é também a mãe da Economia." ( J. P. Dupuy, 1980) 
  • A teoria neoclássica não só repousa sob essa lógica mas agrega outros pressupostos: o indivíduo é o melhor juiz de seus próprios atos e escolhas, nem a intensidade das necessidades e desejos, nem a capacidade dos bens de satisfazê-los, são afetados pelas rendas de outras pessoas. Deduz-se, então, por inferência, que quanto mais bens maior a satisfação (a utilidade total), a despeito da lei da utilidade marginal decrescente. 
No entanto, é possível supor que com a recuperação das críticas à "sociedade de consumo", aos mecanismos de criação de necessidades e à forma como essa sociedade se relaciona com os objetos, a relação entre bem-estar e crescimento poderá ser vista de forma menos direta. É, no entanto, a insustentabilidade ecológica dessa forma de organização social, representada pela depredação do meio fisico e também pela depredação do ser humano aliada a ela, que suscita e reafirma esse grupamento de criticas. 
  • A grande efervescência dessa discussão se deu nos anos 70 onde muitos economistas escreveram sobre a sustentabilidade ecológica, social e econômica do padrão de consumo vigente. Jonh kenneth Galbraith, em sua obra "A sociedade afluente", a despeito de não estar diretamente preocupado com a questão ambiental e de sua análise estar basicamente facada na sociedade americana, acaba por contribuir para a discussão dessa problemática na medida em que aborda a fixação da sociedade moderna com a produção e o sucesso econômico. 
O autor vai contrariar a idéia convencional do período, sustentada por grande parte dos economistas que participavam dos debates sobre desenvolvimento econômico, de que todos as mazelas sociais e a crescente desigualdade distributiva poderiam ser resolvidas através do desenvolvimento produtivo e tecnológico; idéia essa consagrada pelo ''renascimento" do mercado nos Estados Unidos do pós-guerra e a subsequente revolução keynesiana. 
  • Galbraith tem como principal objetivo a investigação dos condicionantes da exclusão social e faz isso através de um caminho pouco comum. Nessa explicação ele passa pela conformação da mentalidade de nossa sociedade que, segundo ele, se orienta pelo passado, onde toda a energia era voltada para a preocupação com o suprimento das necessidades básicas da vida humana. 
" A primeira tarefa é ver o modo como nossas atitudes econômicas estão enraizadas na pobreza, na desigualdade e nos riscos econômicos do passado".(p. 36) As nossas convenções estariam sendo guiadas por uma atitude preventiva frente ao perigo da escassez, que levaria a uma preocupação constante com a produção. 
A crença generalizada na eficiência do mercado sob livre concorrência e no desenvolvimento econômico como fontes de resolução dos conflitos sociais é uma constante nessa visão economicista, que acredita que a elevação do emprego e renda, levando a uma consequente elevação do consumo, seria suficiente para suprir as aspirações humanas, nessa visão, limitadas à sobrevivência. O quadro sócio-econômico da década de 70 nos Estados Unidos, no qual o autor apóia toda sua análise, o leva à reflexão de que a tendência à desigualdade social, presente no capitalismo, é potencializada pela primazia do investimento privado sobre o investimento público. 
  • Esse período, em contraste ao pós-guerra, se caracteriza por uma reversão da tendência anterior de elevação do investimento público. O investimento privado passa a ser o carro chefe na dinamização da economia, precedendo da função "estabilizadora" do gasto governamental 
No entanto, Galbraith percebe que esse processo de privatização do investimento tem um papel muito importante na perpetuação da condição de desigualdade; áreas essenciais como educação, habitação, saúde e recreação deixam de ser satisfatoriamente atendidas, fator que penaliza enormemente as classes mais pobres da sociedade. 
  • Associado a esse conjunto de fatos, Galbraith flagra uma sociedade cada vez mais opulenta que apresenta critérios de necessidades materiais cada vez mais exigentes, induzidos pela publicidade e pela rivalidade inerente ao comportamento do consumidor. 
Em suas palavras: 
" Os aumentos no consumo, que são o equivalente aos aumentos da produção, atuam por sugestão ou por rivalidade para criar necessidades através da publicidade e técnicas de venda. As necessidades assim acabam dependendo da produção. Em termos técnicos, não é possível mais sustentar que o bem-estar seja maior com um nível geral de produção alto de que com um mais baixo. Pode ser o mesmo. O nível mais alto de produção tem, simplesmente, um nível mais alto de satisfação das necessidades". (p.l75) 
E, se voltando para a questão da desigualdade social, Galbraith responde aos críticos que defendem o crescimento produtivo como solução aos males sociais: "Sugerir que não podemos pensar na forma como usamos nossa riqueza, até que todo mundo, ou quase todo mundo, alcance um certo mínimo, é o mesmo que dizer que nunca se pensará nisso, pois o mínimo decentemente adequado aumentará com o aumento da riqueza".(p.29) 
  • Por fim, o autor coloca duas questões, essenciais para o entendimento de sua ótica: "Será que essa gente continuará por muito tempo satisfeita com o objetivo assaz mundano de uma afluência sempre crescente que o sistema coloca como o mais alto objetivo do homem? Não poderá um dia surgir descontentamento com uma sociedade no qual a única preocupação é alcançar o sucesso econômico?" (p.34). 
Moises Abramovitz, em sua obra intitulada "Thinking about growth, também vai discutir bem-estar social, fornecendo uma análise muito rica sobre a construção desse conceito no interior da Economia. O autor recoloca a questão através de uma análise das variações que esse conceito vai sofrendo ao longo do tempo. O avanço econômico, que antes fazia parte de uma ideia mais geral de bem-estar, que também tinha como pressupostos o avanço intelectual, moral e espiritual, agora passa a ser identificado com o próprio conceito de bem-estar social. 
Essa inversão lógica no conceito de bem-estar faz parte de uma crença maior no progresso econômico, materializado na aquisição de uma gama maior de bens e na elevação da produtividade, como o messias que poderá libertar o homem de sua luta diária pela sobrevivência e do trabalho maçante. 
  • Dessa maneira, um tempo maior de sua vida poderia ser despendido com seu desenvolvimento intelectual, moral e espiritual. Essa visão utópica presente na formação do pensamento liberal é negada pelo autor que vai demonstrar em seu trabalho a complexidade das relações embutidas no sistema capitalista, através da demonstração de que, a despeito da elevação da riqueza material da sociedade moderna, as pessoas não se consideram mais felizes. "Manifestly, the way income is eamed and the way it is spent affect the very nature of people and the relations among them."(p. 326).
Abramovitz vai se utilizar de dados empíricos para comprovar que a realidade se apresenta de forma distinta da traçada pelos modelos e pressupostos econômicos. O autor cita uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo Gallup Poll e o National Opinion Research Center, analisada por Richard Easterlin que não encontrou, como se esperava, uma correlação positiva, ao longo do tempo, entre renda e felicidade. Essa pesquisa consistia na auto-qualificação do entrevistado em "muito feliz" , "feliz" e "não feliz"; era classificado por nível de renda e abrangia um período de 30 anos (1940/70). 
  • Easterlin comprovou que, num dado período, havia uma correlação positiva entre classe de renda e felicidade mas, ao longo do tempo, considerando-se que o período analisado representou um período de grande crescimento da economia americana, a correlação não se manteve; percebeu-se que, a despeito do crescimento da renda, a proporção das pessoas que se consideravam "muito felizes" se manteve constante. Esse fato ficou conhecido corno o paradoxo de Easterlin e gerou grandes discussões acadêmicas. 
Vários autores de peso formularam explicações para esse fenômeno. Abrarnovitz começa por recuperar a tese defendida pelo próprio Easterlin, que funda sua explicação na psicologia social. Segundo Easterlin, a satisfação que urna pessoa obtém com sua renda não depende de seu nível absoluto, mas da relação com as variações na renda das outras pessoas da mesma comunidade. 
  • Dessa forma, se há um aumento no nível geral de renda, mas não mudanças nas posições relativas, então ninguém terá seu nível de satisfação alterado. Esse fenômeno, facilmente observável no comportamento psicológico individual, é generalizado, pelo autor, para o nível social. 
Nesse instante, Easterlin põe a baixo um pressuposto essencial da teoria neoclássica do comportamento do consumidor, no que se refere à formação das preferências: a existência de externalidades. Outro autor citado e que busca sua explicação na moderna psicologia do indivíduo é Tibor Scitovsky. Segundo sua teoria, as pessoas se sentem mais estimuladas no processo de satisfação de um desejo inicialmente reprimido do que na satisfação em si e na rotina que essa satisfação vai representar. 
  • Isso significa que o nível de satisfação não depende - ou no mínimo, não apenas - do nível de renda mas da sua taxa de crescimento, ou melhor, da possibilidade de ascensão social. Nesse sentido, podemos concluir que nós teríamos que passar a crescer mais rápido para nos tomarmos mais felizes, ao passo que deveríamos nos manter crescendo para ficarmos no mesmo lugar. 
A última justificativa abordada por Abramovitz neste trabalho está baseada em uma explicação mais econômica do "paradoxo de Easterlin". Essa argumentação parte da constatação de que com a elevação da renda, há urna tendência geral de elevação do preço do espaço e do tempo. 
  • Abramovitz elege Fred Hirsch no desenvolvimento da primeira parte dessa proposição: uma elevação da renda provoca uma elevação, no mínimo proporcional, do preço do espaço. Hirsch argumenta que o aquecimento econômico sempre é acompanhado por um aumento da procura por maiores espaços, melhor localizados, elevando dessa forma os preços dos imóveis, tendo como consequência mais imediata urna anulação do aumento inicial na renda. 

O planeta está chegando num ponto cada vez mais crítico, observando-se que não pode ser mantida a lógica prevalecente de aumento constante do consumo.

  • A elevação do preço do tempo, por sua vez, é discutida por Stefan Linder que argumenta que, como ocorre com a função de produção, os consumidores agem pautados por um cálculo mental, onde combinam aquisições materiais e tempo de lazer, na proporção que produza uma maximização da satisfação. 
No entanto, uma elevação do nível geral de renda é sempre acompanhada por uma elevação da produtividade o que significa que em menor tempo o trabalhador passa a produzir um maior número de bens. O tempo do indivíduo passa então a valer proporcionalmente mais que os bens produzidos sobre a nova base técnica. 
  • Supondo-se uma distribuição equitativa do excedente econômico, um aumento da produtividade, que significa mudanças dos preços relativos do trabalho e dos bens, acarretaria uma realocação no consumo em favor dos bens materiais, mais baratos agora. Ocorre, portanto, uma elevação do consumo de bens em detrimento do consumo de tempo de lazer, devido à mudança dos preços relativos. 
Entretanto, a rotina do consumo de bens se toma cada vez mais chata e carente de estímulos ao passo que, as experiências e atividades que são repletas de estímulos - as artes, literatura, atividades esportivas, viagens, etc. - geralmente demandam muita preparação, treino e ativo envolvimento, ou seja, tempo. O preço mais baixo dos bens, por outro lado, nos seduz a um mais imediato, porém confortante hábito de satisfação: o consumo desenfreado. 
  • Visando suprir a carência de um nível superior de satisfação que poderia ser proporcionado por um maior consumo de tempo livre, consumo este desfavorecido pela tendência histórica de elevação do seu preço, o homem troca um sentimento mais intenso por pequenos relances momentâneos de prazer causados por rápidas trocas de bens, onde cada nova aquisição possui um grau de estímulo inferior à aquisição anterior. 
Essa proposição de aumento do preço do espaço e do tempo, atinge sua meta de justificar o paradoxo de Easterlin", na medida em que explica porque uma elevação do nível geral de renda não leva necessariamente a uma elevação do bem-estar social. Para enfatizar seu ponto de vista, Abramovitz finaliza sua argumentação com uma frase que sintetiza bem seu objetivo neste trabalho: 
" ... the "poor" cannot ever hope to li v e like the "rich", no matter how rich they become."(p.337) 
Esse assunto não poderia ser concluído sem a análise mais detida de um trabalho muito importante da literatura sobre "sociedade de consumo : 
"Frustraciones de la Riqueza: la satisfacción humana y la insatisfacción de consumidor", onde Scitovsky faz uma abordagem original, que perpassa o jogo do marketing e da propaganda na formação das necessidades da sociedade moderna. 
Tibor Scitovsky inicia seu trabalho criticando a classificação dos bens utilizada pelos economistas, argumentando que representa um instrumento de análise que toma opaca a relação que o homem ocidental trava com os bens materiais. A classificação entre bens de primeira necessidade e bens de luxo pressupõe uma relação que envolve apenas uma necessidade física, escondendo todo o simbolismo cultural e a relação psicológica que a aquisição de um bem representa em nossa sociedade. 
  • Essa classificação não distingue entre evitar a dor e a busca do prazer e, quando se infere as preferências do consumidor de seu comportamento no mercado, não se pode saber se este escolheu um bem para reduzir a sua dor ou incrementar seu prazer, distinção importante para a compreensão de uma sociedade que se caracteriza cada vez mais por sua afluência. 
A classificação proposta por Scitovsky foi extraída dos estudos da "Moderna Psicologia", que também usa classificar os bens, ou melhor, o significado que eles têm para as pessoas, em defensivos e criativos. Bens defensivos seriam os bens destinados a prevenir ou remediar as dores, enquanto os criativos seriam os bens que proporcionam ao homem alguma satisfação positiva. Essa classificação tem a vantagem de admitir que um mesmo bem pode servir às duas categorias e que há uma linha divisória muito tênue entre elas. 
  • Uma análise mais superficial tende a levar ao erro de demasiada simplificação desses conceitos, no sentido de se considerar que a demanda de bens defensivos seria facilmente saciável, na medida em que está associada com o evitar a dor; quando cessa o estímulo, cessa também a necessidade. No caso dos bens criativos, imagina~se que sua demanda não seja facilmente saciável, pois que o desejo de prazer nos parece insaciável 
No entanto, Scitovsky tem o objetivo de colocar mais critério nessa afirmação pois que a própria saciedade é um sentimento social e culturalmente construído. Toda sua argumentação vai passar por essa prova e a via escolhida por ele é a contínua transição dos bens em nossa sociedade, da categoria defensiva para a criativa. O homem tem a necessidade vital de pertencer a um grupo e precisa adquirir comportamentos que garantam sua aceitação. O consumo é a expressão mais marcante da sociedade capitalista, o demarcador de território social, o fator de identificação e de reconhecimento do eu social. 
"Pero el poder del precedente, de la costumbre, la moda, los movimientos de masas, testimonian la gran fuerza que tiene en el hombre el deseo de imitar y conformarse ai comportamiento del grupo al que pertenece o desea pertenecer. Mi interés por el comportamiento imitativo se limita al consumo de posición social, la parte de las compras del consumidor motivadas por su deseo de obtener y afirmar su calidad de miembro en la sociedad que lo rodea."(p.129).
A marginalização social em nossa sociedade se dá e se expressa, preferencialmente, pela exclusão do padrão de consumo da comunidade. Dessa maneira, a definição que cada sociedade dá à pobreza não deixa de ser uma "norma social de decência mínima" e está diretamente ligada ao estilo de vida com o qual esta se identifica; para o membro individual dessa sociedade, a adesão a esse estilo de vida é uma condição necessária para sua aceitação enquanto membro. 
  • O indivíduo, além de ser aceito, busca a distinção dentro da classe social ou de um grupo mais reduzido de "vizinhos". Da mesma maneira, o mecanismo de distinção social prevalecente é a renda auferida pelo indivíduo que, supostamente, expressa o valor que a sociedade atribui a seus serviços. 
No entanto, esse símbolo necessita tomar-se público e o faz através da adoção de um padrão de gasto. Se considerarmos que o ordenamento social não é estático e que os movimentos que ocorrem em seu interior resultam em um jogo de soma zero, no sentido de que quando alguém eleva sua posição social, necessariamente alguém precisa ter decaído, fica então claro que não há um limite para o aumento competitivo do consumo conspícuo dos participantes deste jogo, tomados em seu conjunto dentro da sociedade. 


Para finalizar sua exposição lógica, Scitovsky vai se utilizar de um outro argumento, também fortemente baseado na Psicologia, para a explicação dos "bens posicionais". É a transformação de nosso padrão de consumo em hábito, no sentido literal da palavra e, corno tal, a grande dificuldade de abandoná-lo. 
"Presumiblernente adoptamos algunas de estas comodidades porque contribuían a nuestro bienestar; en otros casos, quizá experimentamos por primera vez las comodidades imitando los hábitos de consumo de otras personas o por mera curiosidad y luego nos habituamos a ellas; ahora continuamos con todas estas comodidades, no tanto por la satisfacción que generam, como para evitar el dolor de renunciar a un hábito o interrumpirlo." (p.138).
Na realidade, esse hábito pode ser traduzido por um sentimento de adicção. Os psicólogos vêm considerando a adição como um fenômeno psicológico quase universal, presente na maioria dos atos conscientes e inconscientes humanos deixando, dessa forma, de ser considerado uma patologia em toda sua gradação. Scitovsky percebe no consumo conspícuo uma adição social que impele a sociedade a um comportamento repetitivo e desprovido de "objeto", de um sentido lógico. Para o autor o desejo do consumidor de drogas não é qualitativamente distinto do desejo de uma pessoa comum continuar consumindo o que, e no ritmo que, habitualmente costuma. 
"Después de algún tiempo, la posición social cesa de producir satisfacción porque se da por sentada, pero su pérdida puede causar gran dolor. El esfuerzo de la gente por mantener su posición social parece explicarse mejor por su deseo de evitar el dolor de los sintomas de retiro que por sudeseo de alguna satisfacción positiva."(p.145)

O consumo consciente virou moda, assim como falar em sustentabilidade ,termo que possui suas belezas, apesar de estar um pouco desgastado.