segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Concorrencia na Mineração

Queremos ser a maior mineradora do mundo”.
Com essa declaração, o presidente da Vale, Roger Agnelli, marcou o evento de estréia das ações da mineradora na Euronext Paris,  a primeira empresa brasileira listada na Bolsa francesa.

  • Como já dito anteriormente, os bens minerais sao comercializados em lotes, dentro de um mercado especializado, com a garantia de pertencerem a um padrão internacional de qualidade. Dessa forma, urna superprodução de cobre na indonésia, por exemplo, rapidamente reduzirá o preço desse bem no mundo. Além disso, a ação de especuladores é bastante relevante, podendo alterar imprevisivelmente os preços. O auro, em especial, é um bem que já sofreu mudanças radicais de valor, sem espelhar qualquer mudança substancial na sua produção (vide período do padrão-ouro ).
Os responsáveis pelas minas, preocupados com o desempenho da empresa, tendem a manter um elevado ritmo de produção, visando garantir economias de escala e atenuar os elevados custos operacionais e de capitai. Em períodos recessivos, essa atitude pode se constituir em urna armadilha, pois o aumento da oferta tende a deprimir os preços dos minérios, o que exige o aumento da produção para assegurar um nível minimo de rentabilidade. No entanto, o aumento da oferta tende a deprimir ainda mais os preços do minério, gerando um ciclo vicioso.
  • No circuito inverso, em períodos de forte retomada econômica, a indústria de transformação amplia com rapidez a demanda por insumos, porém a produção mineral nao pode responder tao prontamente, visto que as instalações e a estrutura produtiva acham-se defasadas e sua readequação exige tempo e investimento.
Os estoques de minério aumentam significativamente em períodos de recessão econômica e reduzem-se rapidamente quando da retomada da demanda. A flutuação dos estoques, muitas vezes manipulados por especuladores, constitui a principal causa da instabilidade e da imprevisibilidade dos preços das "commodities" minerais. Preços instáveis refletem-se na ocorrência de um padrão errático de perdas e ganhos para a indùstria, fato que desfavorece a mineração em relaçao aos outros setores industriais.
  • Tantas peculiaridades restringem muito o número de empresas atuantes nessa atividade produtiva. Estudos feitos recentemente relatam que mais de 90% da produção mineira de todos os países deriva de aproximadamente 1.250 minas, controladas por um número não superior a 150 grupos e corporações mineiras, alguns dos quais apresentam conselhos de administração interligados entre si. Um dos fatores determinantes do crescimento e consolidação das principais corporações é a capacidade de investimentos de risco em prospecção mineral.
Descobrir novos depósitos minerais é a melhor forma de se obter vantagens com relaçao aos concorrentes e de se manter no mercado. A descoberta de uma enorme mina de nióbio, por exemplo, pode tornar uma mina menar e de custos de exploração maiores obsoleta e até inviável economicamente. A politica de investimento em prospecção minerai além de ampliar as chances de sucesso da empresa, favorece a diluição do risco pelo envolvimento simultâneo com vários projetos.
  • A restrita capacidade para investimentos a risco das pequenas e médias empresas de mineração constitui urna limitação para o fortalecimento da competição setorial. Se, por um lado, a descoberta de um depósito minerai de classe internacional pode constituir a base para o estabelecimento de uma empresa de mineração bem sucedida, por outro, o fracasso dos investimentos em prospecção minerai poderá colocar em risco sua própria sobrevivência. No Canadá e nos EUA existem mecanismos de captação de recursos no mercado acionário, onde as chamadas "júnior companies" conseguem financiamento para investimento de risco.
O aparato tecnológico para prospecção minerai tem se tornado cada vez mais avançado, significando a redução do custo unitário das descobertas minerais, porém seus custos globais são tão elevados que tornam-se quase proibitivos para empresas de menar porte. Com isso, limitam-se as preocupações das grandes empresas quanto à concorrência apenas com relação aos grandes concorrentes internacionais, praticamente eliminando aquila que em outros setores econômicos se denominam concorrentes potenciais. Isso explica porque as maiores empresas mineradoras sao as mesmas a tantas décadas.
  • A variável tecnológica também se faz presente nas fases de lavra e beneficiamento do minério. Na busca de economia de escala, registra-se uma tendencia para implantação de operações mineiras de grande tonelagem, que exigem o emprego de equipamentos de grande porte. Os caminhões "off road" de 20 a 30 toneladas, empregados nas minas a céu aberto na década de 60 foram substituídos por equipamentos com capacidade para 200 a 250 toneladas; as escavadeiras de duas jardas cúbicas fora m superadas pelas de 1 O a 15 jardas cúbicas e assim por diante.
Uma das estratégias das TNCs para atenuação do risco inerente à mineração baseia-se no estabelecimento de corporações multimetálicas e na expansão geográfica de suas atividades. Essas corporações tem sido responsáveis por grande parte do desenvolvimento tecnológico setorial, pela incorporação de novos produtos e também pelo estimulo à demanda.
  • As empresas diversificam sua alocação de recursos seguindo a própria avaliação em trés possibilidades: "greenfield", que é a construção de novas instalações; "browniano", que é a aplicação segundo a análise da oferta e demanda esperadas; e "redfield", que é a ampliação de instalações já existentes.
Os investidores mineiros estão sempre atentos à margem entre os custos e os preços de referência internacional, o que vai refletir no posicionamento que irão obter no mercado mundial. As empresas que sao capazes de ampliar essa margem alcançam um melhor posicionamento, menos vulnerável às flutuações do mercado.
  • É sabido que o caráter cíclico da demanda mundial dos metais afeta diferentemente as empresas de acordo com seu posicionamento , determinando que os produtores de alto custo somente recebam benefícios quando a demanda é dinâmica e os preços sao elevados. Nesse contexto, pode ocorrer paralisações de atividade, definitivas ou transitórias, ou rentabilidades que só cobririam a manutenção das operações.

Faltam pedras para as joias de Minas Gerais Chineses descobrem matéria-prima extraída no estado, que fica escassa no mercado nacional Publicação: 10/05/2012 

A exportação brasileira de pedras preciosas brutas para outros países já causa dificuldades na indústria joalheira nacional, que está com dificuldades de comprar matéria-prima para a fabricação de joias. O volume de vendas do produto ao exterior cresceu 33% somente em 2011, em comparação com o ano anterior. E nada menos do que 80% desse volume seguiu para a China, dona de uma indústria de joalheira 30 vezes maior do que a brasileira. Hoje o gigante asiático é o segundo maior fabricante de joias do mundo. Indianos também são clientes de minas mineiras. Além da exportação de pedras brutas, outro movimento afeta o setor: a entrada no país de joias montadas (prontas).
  • Por causa do apetite dos chineses, de um ano e meio para cá, cinco indústrias joalheiras fecharam suas portas em Belo Horizonte, eliminando mais de 1 mil postos de trabalho, informa o Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). “Preciso comprar pedra bruta produzida no Brasil, mas não consigo. A maior ameaça ao joalheiro hoje é a falta de matéria-prima. Está tudo sendo possuído e controlado pelos chineses e indianos. Algo precisa ser feito”, reclama um empresário do ramo em Belo Horizonte, que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
O aumento da procura pelas pedras não só reduz a oferta para as fábricas brasileiras como aumenta os preços da matéria-prima. Segundo Douglas Willians Neves, proprietário da Nevestones, empresa que é dona de uma mina de pedras em São José da Safira, no Vale do Rio Doce. De acordo com ele, em 2010 o quilo do cascalho de turmalina custava US$ 1 mil. No final de 2011, a mesma quantidade de pedra saía por US$ 4 mil. Já a ametista em bruto, vendida a US$ 1,2 mil o quilo em 2010, no fim do ano passado custava US$ 2,5 mil. Enquanto isso, a turmalina lapidada era vendida a US$ 70 por quilate em 2010 e agora não sai por menos de US$ 180. “A procura pelo material bruto é tão forte que quase não vale a pena lapidar. Os chineses pagam em dinheiro, à vista, e a gente recebe de uma vez só”, explica Neves.
  • sem lapidação Mesmo assim, ele sustenta que os produtores querem vender a pedra lapidada, que vale mais do que a pedra bruta. Na Nevestones, 80% das pedras exportadas são vendidas para a China. “Se não fossem os chineses, eu nem sei. Antes da crise de 2008, os Estados Unidos eram o maior comprador. Naquela época, cerca de 90% das vendas eram para os EUA e Europa. Quando veio a turbulência, eles pararam de comprar. Os chineses vieram para valer no fim de 2009.” O empresário lembra que há muitos empresários milionários no país asiático. “Eles foram a salvação”, resume.
De acordo com Raymundo Vianna, presidente do Sindijoias, nos três primeiros meses deste ano houve aumento de 19% na exportação de pedras brutas no Brasil. Cerca de 80% delas saíram de Minas Gerais. “Nos três primeiros meses de 2011, exportamos US$ 7,6 milhões. Em igual período de 2012, foram US$ 9 milhões.” De acordo com ele, o apetite chinês aumenta os preços e não deixa sobrar pedra para a indústria brasileira, que é obrigada a se abastecer lá fora pagando impostos de importação e frete. Além disso, o segmento joalheiro sofre com a entrada de joias chinesas montadas (prontas), na maioria das vezes subfaturada ou contrabandeada, sustenta o empresário.
  • Para Manoel Bernardes, presidente da joalheira que leva o seu nome, é necessário desestimular indiretamente a saída de pedras e metais sem elaboração do país. “Para mudar esse quadro, será necessário agregar valor ao produto interno, possibilitando ganho de escala, melhoria de produtividade, maior qualidade e design diferenciado
As principais Empresas atuantes no Brasil:
  • A principal empresa atuante na indústria mineral brasileira é a Vale do Rio Doce, controlada pela Valepar, consórcio com maioria acionária da CSN, Opportunity e Nations Bank. É a segunda maior produtora e a maior exportadora de minério de ferro do mundo, com volume superior a 100 milhões de toneladas/ano, e a maior produtora latino-americana de auro, tendo produzido 18 toneladas em 1996. Participa de muitas outras atividades ligadas à produção de bens minerais. A partir do processo de privatização das siderurgias brasileiras, passou a participar do capitai das principais usinas siderúrgicas integradas.
Atualmente, a CVRD tem incrementado as vendas de minério de ferro para o exterior, especialmente do bem já beneficiado, com maior valer agregado. O mais importante é que a empresa tem estudado e, aos poucos, desenvolvido parcerias com as maiores TNCs do mundo, se tornando um dos vínculos desses importantes agentes com o pais.
  • Entre os grupos privados nacionais que atuam na área de mineração, um destaque é o grupo Votorantim, que segundo o levantamento da Gazeta Mercantil, é a quinta maior mineradora do pais, sendo controladora de várias empresas e tendo participações em outros empreendimentos de porte. A MBR (Minerações Brasileiras Reunidas S.A.) e a Ultrafértil também sila consideradas gigantes nacionais da área, porém nao diversificam muito seus investimentos em mineração nem adotam parcerias, se concentrando em minas de sua propriedade.
Quanto às TNCs, diversas empresas de diferentes países desenvolvidos ( de japoneses a canadenses ) atuam no pais, sendo difícil listar todas elas. Muitas adotaram parcerias com grupos nacionais privados, mas o que realmente da dinamismo à elas sao as parcerias que fazem entre si em todo o mundo. Com isso, elas dividem o risco inerente à atividade, trocam tecnologia e know-how e podem realizar empreendimentos de grande porte, cujas economias de escala tornam possíveis a execução dos projetos.
  • Algumas TNCs, no entanto, se sobressaem e sua presença no Brasil prova a atratividade do país neste setor. Essas empresas sao capazes de promover sozinhas obras faraônicas e controlam tecnologias de pesquisa, extração, infraestrutura e distribuição incomparáveis com as de empresas menores. Isso significa que qualquer urna delas, sozinha, pode implementar um empreendimento de tal magnitude que melhore a situação da mineração no pais. Um exemplo próximo foi a implementação de Mina Escondida ( maior mina do mundo) no Chile a partir de 1988, pela BHP.
A BHP Mineral, cuja sede localiza-se em Melbourne, Austrália, mantém atividades em mais de 20 países e vende seus produtos para consumidores em mais de 40. Cerca de 20% dos lucros da empresa são empregados fora da Austrália. No Brasil, a BHP é representada pela Marex Mineração, com sede em Belo Horizonte ( MG ). Teve um orçamento de US$ 158,7 mi em 1996.
  • A Rio Tinto Zinc, de origem britânica, ocupava em 1993 a segunda posição entre as maiores mineradoras do mundo. Após a fusão com a Australiana CRA, em 1994, criou-se a maior empresa mineradora do mundo. As aplicações em ativos na América Latina representam apenas 7% do total dos ativos da RTZ, concentrados no Chile, Brasil, Argentina e Bolívia. Teve orçamento de US$280 mi em 1996. Atualmente, investe cerca de US$10 mi em projetos de pesquisa em todo o território nacional.
A sul africana Anglo American, maior empresa mineradora do mundo, tem um faturamento anual da ordem de US$ 9,9 bi. Os segmentos de maior importância para o grupo são auro( 12,4% da produção mundial ) e diamantes. No Brasil, o grupo encontra-se em negociações para a implantação do Projeto Salobo ( Carajás ) em parceria com a Vale do Rio Doce, para a produção de 200 mil toneladas/ano de cobre e 8 toneladas/ano de auro.
  • Todas estas empresas aparentemente vêm projetando mais investimentos no Brasil para a próxima década, em relação a outros países produtores. É bom lembrar, porém, o que foi dito no capitulo anterior, ou seja, que nos últimos anos a mineraçao mundial tem passado por urna crise e é difícil para os analistas preverem por quanto tempo essa crise vai durar.
Conclusões:
  • Vimos que a atividade de mineraçao tem urna certa relevância no complexo industrial brasileiro, sendo um importante gerador de divisas. Os planos elaborados pelos diferentes governos para o setor foram muito parecidos, com os objetivos de ampliar as exportações minerais e reduzir as importações, alem de garantir o suprimento de metais requerido pelo setor industrial. A conjuntura econômica mundial foi a maior responsável pelas flutuações de investimento e produção minerai no pais.
Não sao todos os países que têm em seu território o privilégio de ter recursos minerais tao úteis para a sociedade,. Diferentemente do que pode ocorrer em outras áreas, a atividade mineradora exige um compromisso duradouro do investidor com o empreendimento, garantindo emprego para população e desenvolvimento para a região escolhida, por longa prazo. 
  • Contudo, o empresariado nacional nunca foi capaz de assumir a responsabilidade de dominar plenamente a produção mineral, mesmo tendo por algum tempo proteção constitucional. Tendo em vista o afastamento estatal do setor, marcado pela privatização da CVRD, aparentemente resta unicamente ao capital internacional e à parcela historicamente atuante na área do capitai privado nacional, a tarefa de desenvolver a mineraçao no pais, para que esta opere de acordo com o potencial geológico brasileiro. O capitai nacional pode ter um papel importante na área, de forma indireta.
A criação de urna bolsa de mineraçao brasileira, ou latino-americana, nos moldes da existente no Canadá, traria dinamismo à atividade. imediatamente, porém, isso é inviável pois convencer o mercado financeiro que a mineraçao é um negócio rentável seria lento e exigiria muita divulgação. Além disso, no momento atual, as taxas de juros sao elevadíssimas, o que dificulta o deslocamento do capitai retido em aplicações que rendam de acordo com essas taxas. O comércio internacional das commodities tende a uma crescente liberalização, com a ampliação da importância das instituições que regulam o mercado aberto.
  • Pensando na realidade atual, é importante que as politicas voltadas para o setor mudem, no sentido de atrair as transnacionais. Essas empresas consideram o risco politico-econômico de um país uma variável importante para decidir se investirão ou não. Quanto a isto, é inegável que o panorama politico-econômico melhorou um pouco na última década, mas nao se pode contar apenas com essa melhora para efetivamente fortalecer o setor minerai ( ou qualquer outro setor industrial ).
Deve-se, na realidade, compreender a fundo a lógica das empresas mineradoras e promover alterações no rumo da politica para o setor, motivando o investimento. Supondo que nenhuma crise muito forte atinja nossa economia e altere as expectativas do empreendedor quanto ao risco politico, alguns esforços em montagem de uma estrutura, coerentes com o que é feito em países desenvolvidos para o setor, seriam certamente recompensados em forma de mais investimentos.
  • O mercado de metais nao possui diferenciação de produtos, como já visto. O lote de metais que tenha o nível internacional de qualidade sera vendido em bolsas de commodities ao preço local vigente naquele momento. Por isso, obter vantagens comparativas e m custos é tao importante para o empresário minerador.
Uma forma de oferecer essa vantagem em custos seria reduzir as obrigações fiscais da atividade. Tendo em vista que um país com déficit orçamentário como o nossa nao se pode dar ao luxo de perder arrecadação, essa é urna alternativa difícil de ser aprovada. Mas o fato é que estamos sendo afetados negativamente pelos menores impostos cobrados em outros países em que existe mineraçao. A primeira medida que deveria ser tomada é, ao meu ver, promover um esforço conjunto para que haja alinhamento dos impostos da área com os dos principais países concorrentes, para evitar essa espécie de guerra fiscal.
  • O que mais daria resultado em atrair investimentos para a mineraçao seria elevar radicalmente a pesquisa e facilitar a concessão de direitos minerários. O governo conta com urna enorme estrutura montada para descobrir e comercializar depósitos com ocorrência mineral. O que faltam são verbas para que as instituições aprofundem seus estudos e façam uso de tecnologia de ponta para acelerar as descobertas.
Futuramente, o governo poderia desenvolver urna forma atrair pequenas empresas especializadas em fazer pesquisa minerai, as chamadas júnior companies, para o país. Para tanto, deveria ser montada urna estrutura de financiamento, que elas necessitam para pagar suas operações.
  • De acordo com os geólogos, existe um vasto território inexplorado no Brasil, e tudo indica que enormes reservas minerais se escondem no nossa subsolo. A simples divulgação de um número significativamente maior de reservas atrairiam mais empresas mineradoras para o país e o setor minerai poderia cumprir melhor o seu papel de gerar divisas e fornecer matérias-primas para o setor industrial.
A estratégia do governo em atrair capitai especulativo de curto prazo para saldar o balanço de pagamentos nao tem funcionado, pois ficamos à merce das expectativas dos market makers mundiais, e perdemos autonomia nas nossas politicas econômicas. As taxas de juros estão num patamar astronômico, inviabilizando o crescimento, e com isso gerando desemprego. O capitai externo entra no país sem urna contrapartida produtiva, no máximo promovendo fusões e aquisições de estatais privatizadas. O plano de estabilização da moeda nao passa, segundo os especialistas, pela próxima fuga de capitais, que pode se iniciar em seguida à próxima crise em algum pais do mundo.
  • Esta na hora de o governo se preocupar em desenvolver o que o pais possui de diferenciado. De aceitar projetos que promovam emprego, produção e distribuição de renda. A mineração é e sempre sera uma competência nacional, cujo papel no sistema capitalista é de fundamental importancia. Deixar o setor em segundo plano, acreditando que sozinho ele vá criar urna "dinâmica própria" é desperdiçar oportunidades de desenvolvimento. Existem profissionais capacitados na área, em todas as etapas de produção minerai. Centros de excelência para formar novos profissionais também nao faltam. O que o governo precisa é reservar mais fundos principalmente para a área de pesquisa; e organizar e fiscalizar as instituições públicas, para que os fundos nao sejam mal encaminhados.
Simultaneamente, a legislação ambientai deve se fazer cumprir. Não é porque os investimentos nos países desenvolvidos tenham caldo após o aumento do controle ambiental que devamos permitir a livre extração predatória. As grandes empresas mineradoras têm procurado formas de extração menos predatórias e ainda assim produtivas, além de procurar melhor fim aos resíduos industriais, como forma de melhorar sua imagem. "O maior desafio apresentado aos empresários deste fina/ de século diz respeito à reformulação do conceito de atividade produtiva, no sentido de harmonizá-la com os requisitos sociais das comunidades urbanas e rurais quanto à preservação do  ecossistema"  (SANTOS,1997).
  • "O conflito que existe entre atividades econômicas e o meio ambiente (mais significativo na área de mineraçao pelo juízo errado que de/a se faz) é mais ideológico que programático, posto que as compatibilizações necessárias silo perfeitamente possíveis, a baixo custo, quando realizadas simultaneamente ao desenvolvimento da atividade. As eventuais a/tentativas de não realização do empreendimento podem comprometer um ou alguns poucos empresários mas não a coletividade como um lodo. É preciso pensar que as restrições estabelecidas e os custos que isso representa para o setor devem ser entendidos, não como um ônus adicional. mas como incentivos a serem gozados a médio e longa prazos, pois a adequação do minerador às exigências propostas garantem urna vida útil mais dilatada e segura para o empreendimento" (HERRMANN, 1995).
A empresa brasileira Vale (ex Companhia Vale do Rio Doce), privatizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – FHC (PSDB), uma das maiores produtoras de minérios de ferro do mundo, conquistou o prêmio Public Eye (Olho Público), que elege anualmente as companhias com pior comportamento em relação a meio-ambiente e direitos humanos no mundo. A votação é organizada, desde 2000, pelo Greenpeace e a ONG Declaração de Berna. Entre as seis empresas de todo o mundo indicadas, a Vale obteve 25.042 votos de internautas.
  • A indicação da Vale para o prêmio foi feita pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), por meio da organização brasileira Rede Justiça nos Trilhos em parceria com as ONGs internacionais Amazon Watch e International Rivers, por “inúmeros impactos ambientais, sociais e trabalhistas causados na última década pelas atividades da corporação no Brasil e no mundo”.
Vale do Rio doce