quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Indices de sustentabilidade de Gini e Idh

Programa Cidades Sustentáveis explica que a sustentabilidade defendida para os projetos no âmbito municipal tem conceito

  • Do latim, indicare significa “apontar” ou “proclamar”. Na língua portuguesa, indicador é aquilo que torna patente, revela, propõe, sugere, expõe, menciona, aconselha, lembra. Para Silveira (2003), um indicador auxilia a transmitir um conjunto de informações sobre complexos processos, eventos ou tendências e é uma ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, para medir e comparar, que auxilia na tomada de decisões. É apenas uma medida, não tendo poder de previsão ou de estatística e tampouco uma evidência de causalidade, apenas constata uma dada situação. 
Conforme Deponti & Almeida (2001), não é possível o desenvolvimento de um indicador global e não há indicadores universais, pois estes podem variar segundo o problema ou objetivo da análise. Como observado, não parece adequado o estabelecimento de um único conjunto de indicadores para avaliar qualquer sistema, porque os indicadores serão diferentes segundo o entendimento de sustentabilidade e conforme os parâmetros e descritores definidos, de acordo com a compreensão do que é sustentabilidade, que condiciona a interpretação do indicador. Como Metodologia e proposição de indicadores no trabalho de pesquisa para o município de Camaquã (RS), Deponti & Almeida (op.cit.) propuseram indicadores para avaliação da sustentabilidade em contextos de desenvolvimento rural local, tendo percorrido os seguintes passos: 
  1. Cruzamento analítico entre a compreensão de sustentabilidade em agroecossistemas e a realidade local; 
  2. Cruzamento analítico da interação das diferentes dimensões: econômica, social, ambiental e cultural; 
  3. Ajuste da operação mediante um “filtro” ou “lente 3”, levando em consideração: 
a) A compreensão de sustentabilidade, em que o entendimento próprio do tema e as características intrínsecas consideradas direcionam a discussão e a proposição dos indicadores; 
b) As dimensões econômica, social, ambiental e cultural eleitas para o estudo e consideradas as mais importantes, dentre várias outras; 
c) O custo para avaliação e mensuração dos indicadores, observando-se o quanto é despendido para a obtenção das informações e cálculo do indicador, pois a maioria das propostas não leva isso em consideração, algumas chegando a serem inviáveis financeiramente, formando um conjunto de indicadores dificilmente agregáveis e quantificáveis; 
d) A facilidade de mensuração e de compreensão por parte dos agricultores, extensionistas e mediadores sociais, pois a mensuração do indicador depende da sua compreensão. Segundo Azar et al (1996), os indicadores de sustentabilidade podem ser divididos em três grupos principais: 

(I) indicadores de resposta social (que indicam as atividades que se realizam no interior da sociedade - uso de minérios, produção de substâncias tóxicas, reciclagem de material); 
(II) indicadores de pressão ambiental (que indicam as atividades humanas que irão influenciar diretamente o estado do meio ambiente - níveis de emissão de substâncias tóxicas); 
(III) indicadores de qualidade ambiental (que indicam o estado do meio ambiente - concentração de metais pesados no solo, níveis pH nos lagos). A maioria dos indicadores de sustentabilidade desenvolvidos e utilizados até o momento pertencem ao grupo dos indicadores de pressão ambiental ou de qualidade ambiental, de acordo com aqueles autores. Costa (2004) analisou a sustentabilidade da Região Metropolitana de Curitiba sob a perspectiva agroecológica e propôs indicadores considerando: 
  1. Os elementos supra-sistema: clima, políticas públicas, recursos naturais, ciência e tecnologia voltadas à produção. 
  2. Os elementos do sistema: padrão tecnológico, evolução no uso do solo, da produtividade e das ocupações. 
  3. Saídas do sistema: evolução dos preços recebidos, dos preços do varejo e relação fator produto. 
  4. Os elementos infra-sistema: aptidão agrícola dos solos, hidrografia e vegetação. 
  5. Entradas de energia: germo plasma, fertilizantes, corretivos, tratores, irrigação e agrotóxicos. 
  6. Externalidades: impactos ambientais, econômicos e sociais. 
Esta abordagem está de acordo com o conceito de sistema agrário definido por (COSTA, 2004), em que são considerados os aspectos produtivos, ecológicos, econômicos e sociopolíticos da agricultura. A esses indicadores foram atribuídos valores de -3, 0 e +3, por comparações aos ideais padrões de sustentabilidade. 
  • Segundo o IBGE (2006), inspirados ou comprometidos com Agenda 21, organizações governamentais, especialmente as ambientais, ONGs, grupos acadêmicos, empresas de consultoria e empresas de países “desenvolvidos” tomaram as iniciativas mais importantes para construção do arcabouço de indicadores ambientais. Surgiram daí duas vertentes: uma para expressar o desenvolvimento sustentável das nações e outra para demonstrar a eco-eficiência das organizações. A uniformização dos indicadores ambientais para sustentabilidade e agregação de informações nacionais tem sido conduzida pela Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas, desde a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio De Janeiro, em 1992, a chamada também Eco-92 
Existe um quadro de referência dos indicadores de sustentabilidade proposto pela ONU, cujos indicadores de eco-eficiência vem recebendo crescente atenção por parte de indústrias e de organizações diversas. As informações para o desenvolvimento sustentável referentes ao Brasil, encontradas na base de dados da Divisão da ONU, não refletem a condição de indicador, nem permitem, portanto, que o Brasil possa figurar, adequadamente, nas estatísticas internacionais, segundo o IBGE (2006). A presença dos dados socioeconômicos e ambientais do Brasil para a avaliação feita com base no Índice de Sustentabilidade Ambiental foi também incompleta. 
  • A pontuação e classificação final do Brasil no Índice elaborado pela Universidade de Columbia dos Estados Unidos (Environmental Sustainability Index, Columbia University, USA - ESI, 2001) foi em parte baseada em simulação e modelagem, pela inexistência de informações e indicadores temporais e espaciais efetivos. Desta forma, foi criada a Comissão Consultiva de Estatísticas Ambientais no IBGE, com as participações previstas dos Ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e (possivelmente) IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Com isso, o IBGE aponta para a capacitação do Governo brasileiro, na geração de informações ambientais pertinentes ao Desenvolvimento Sustentável, em atendimento ao compromisso assumido em 1992 (IBGE, 2001). 
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, 2008) é um órgão vinculado ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que tem o como objetivo o desenvolvimento chamado de sustentável, pois busca o crescimento econômico, com equilíbrio ecológico e progresso social. As instituições estão aderindo ao Princípio do Equador, que se refere a exigências de responsabilidade socioambiental em financiamentos de grandes projetos. 
  • Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2001) o indicador é um elemento informativo - composto de termo ou expressão - que pode ser medido, a fim de caracterizar ou expressar efeitos e tendências interativas, de natureza ambiental, econômica e social. Fornece uma visão fotográfica instantânea de uma situação, uma documentação de mudanças ao longo do tempo, com uma percepção prospectiva de possíveis ineficiências, impactos ou danos atuais potenciais, com o estabelecimento de prioridades futuras, avaliação da efetividade de medidas para aprimoramento e informação pública, ou para grupos selecionados de agentes. Devem ser eleitos temas ou resultados-fim a serem representados pelo uso dos indicadores capazes de refletir (I) as condições de sustentabilidade de uma região ou país, ou (II) a eco-eficiência das operações de uma determinada organização produtora de bens e serviços ou de um setor sócio-econômico selecionado. Esta organização sistematizada dos temas eleitos deve atender a objetivos e políticas para (I) desenvolvimento sustentável da nação ou (II) demonstração da eco-eficiência da organização, com base em compromissos socioeconômico e ambientais assumidos e explicitados. O número de indicadores em cada tema é variável, de acordo com escolhas próprias. 
Lançado em 1999, o Dow Jones Sustainable Index (DJSI, 2006) é o primeiro índice global que acompanha o desempenho financeiro das principais empresas do mundo orientadas pela sustentabilidade. O DJSI conta com 10% das maiores 2.500 empresas do Índice Global Dow Jones segundo critérios econômicos, ambientais e sociais. No ano de 2005 (FGV, 2005) algumas organizações comemoraram seu ingresso na adoção de dois conhecidos índices de sustentabilidade do mercado de capitais internacional: o DJSI, desenvolvido pela Bolsa de Nova Iorque (EUA), e o FTSE4good Global (desenvolvido por uma companhia independente, de propriedade do Financial Times e da Bolsa de Londres, presente em 77 países). A versão 2005-2006 do DJSI World inclui 317 empresas de 24 países e cobre 58 setores. Depois da revisão, o índice excluiu 54 companhias e adicionou outras 59, dentre elas o Banco Itaú, a Cemig e a Aracruz (DJSI, 2006). 
  • O DJSI World acompanha o desempenho das empresas líderes em matéria de sustentabilidade, sendo composto pelas 2.500 maiores companhias globais, com um índice construído a partir de um questionário e de documentos: relatórios de sustentabilidade, de saúde e segurança, financeiros e de informações prestadas pela empresa a analistas, à imprensa e às partes interessadas. As companhias são avaliadas sob os aspectos econômico, ambiental e social, e têm de satisfazer 33 critérios diferentes (DJSI, 2006). 
O FTSE4good foi criado em 2001 com o compromisso de elevar o padrão para a entrada de empresas no índice à medida que boas práticas de responsabilidade corporativa apareçam, com o objetivo de desafiá-las a melhorarem suas práticas ambientais e de direitos humanos. Os critérios desse índice, segundo seus criadores, foram desenhados para incentivar todas as empresas a tentarem administrar os impactos sociais, éticos e ambientais de suas atividades. O objetivo é fazer que as companhias compreendam como elas afetam o ambiente e a sociedade na qual operam e, que publiquem uma política clara com diretrizes amplas definindo objetivos e metas para melhorarem suas performances (FGV, 2005).
  • O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que estabelece uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida e natalidade para os diversos países do mundo, desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em seu relatório anual. O PNUD considera um valor de IDH acima de 0,8 para a classificação de “alto desenvolvimento humano” (VEIGA, 2005; SCANDAR NETO, 2006; ONU/ PNUD, 2008). 
Propor indicadores para avaliar sustentabilidade é uma tarefa complexa por diversos motivos. De início trata-se de uma questão que não encerra um conceito fechado e estático, indo depender do enfoque que se pretende, o que se evidencia pela existência de inúmeras pesquisas que tratam de proposição e de metodologias. Há ainda o risco de ocorrência de diferentes entendimentos sobre o tema, com a possibilidade de intenções de natureza ideológica, o que permite a apropriação do termo por diferentes segmentos da sociedade, o que envolve uma dificuldade de consenso (SCANDAR NETO, 2006). A natureza multidimensional da sustentabilidade promove uma variedade de informações e a necessidade de um estudo interdisciplinar, sistêmico, integrador e participativo. 
  • Outro fator que contribuiu para a ampliação destes estudos foi a recomendação emanada da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) de 1992, a Eco 92 e da Agenda 21, para que fossem desenvolvidos indicadores do monitoramento do estado da sustentabilidade. Resultou daí expressivo número de indicadores da qualidade ambiental, produzidos por governos, instituições acadêmicas, ONGs e outros, conforme cita Matos Filho (2004). Existe, desde 1995, um programa de trabalho em rede mundial para desenvolver indicadores de sustentabilidade, coordenado pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (MATOS FILHO, 2004). 
O progresso com vista ao desenvolvimento sustentável pode empregar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como um indicador do bem-estar, e da Pegada Ecológica como uma medida da exigência humana na biosfera (PEREIRA, 2008). Uma Pegada Ecológica menor que 1,8 hectare seria ideal, considerando-se que é o tamanho do espaço biologicamente produtivo reservado para cada pessoa, se for considerada a população atual do planeta, sem reserva para as outras espécies. Ainda segundo esse autor, como acontece com muitas ferramentas que se propõem a avaliar sustentabilidade, a Pegada Ecológica recebeu muitas críticas, mas tem lugar de destaque em vários relatórios de grupos ambientais (World Wildlife Fund- WWF, Greenpeace) e de setores governamentais. 
  • A Análise Energética representa um método mais completo que a Pegada Ecológica, sob o ponto de visto ecológico, por considerar fluxos de energias adquiridas na produção de produtos e serviços e, especialmente, devido à proposta de hierarquização das energias dos sistemas (SICHE, 2007; PEREIRA, 2008). Apesar de apresentarem diferenças em seus métodos, tanto a Pegada Ecológica como a Análise Energética busca resolver a mesma questão: qual a disparidade entre a oferta de recursos da natureza e a demanda imposta pelas atividades antrópicas sobre o ambiente? 
Uma hipótese comprovada por Pereira (2008) foi que a partir da incorporação dos conceitos e de alguns aspectos metodológicos presentes na Análise Energética, é possível tornar a Pegada Ecológica um indicador de sustentabilidade mais robusto e com uma visão, de fato, ecológica. Concluiu que para a realidade ecológica brasileira o saldo positivo é de 22,83 gha/pessoa (hectare global por pessoa). Mas, dos 64,71 gha/pessoa da biocapacidade, 28,99 gha/pessoa são provenientes da Floresta Amazônica; caso esse valor fosse desconsiderado, o Brasil teria um déficit de 6,16 gha/pessoa.
  • Uma análise mais adequada viria da razão entre a biocapacidade e a pegada, conduzindo ao Fator Capacidade de Suporte (SICHE, 2007; PEREIRA, 2008), que significa quantas vezes um território pode suportar sua população com o padrão de vida atual e sem degradar o ambiente. Esse valor revela que, se mantidos os padrões de consumo e a biocapacidade atuais, a população brasileira poderia crescer cerca de 50%. 
Ainda conforme Pereira (2008), no procedimento da Pegada Ecológica espaços utilizados para cidades e infra-estrutura recebem o mesmo peso que terras utilizadas para agricultura. O rendimento traduzido pela produtividade média de um tipo de área pode variar muito dentro do próprio sistema analisado quando há diversidade de climas e vegetações, como o Brasil. Por este motivo, quando se aplica o método para análises locais, regionais, bacias hidrográficas ou propriedades agrícolas faz-se necessário calcular fatores de rendimento para cada divisão do sistema. Caso se avalie, por exemplo, uma propriedade agrícola, pode-se dividi-la e avaliá-la por modalidades de cultivos. Assim, cada ocupação deve ter seu próprio fator de rendimento, e, conseqüentemente, sua pegada. 
  • As áreas requeridas para energia fóssil ocupam mais de 50%, em média, da pegada de países desenvolvidos, considerando-se que esse componente consiste na estimativa da área de floresta necessária para absorver as emissões de dióxido de carbono. Já o resultado obtido para a pegada, demonstrou que a categoria cultivo apresentou o maior impacto sobre o ambiente. Porém, se for considerado que metade do cultivo de cana-de-açúcar destina-se à produção de etanol e transferindo metade de sua pegada para a categoria de recursos energéticos, as pegada referentes a cultivos e a recursos energéticos ficarão com valores muito próximos. A maioria dos métodos, mesmo os ecológicos, ainda não consegue incorporar nos cálculos muitos dos conceitos contidos na teoria do desenvolvimento sustentável, principalmente as questões sociais relacionadas ao modelo de produção capitalista empregado na maior parte do mundo (PEREIRA, 2008).

Morumbi, bairro de São Paulo: ícone da desigualdade social brasileira

O Coeficiente de Gini :
  • O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità" ("Variabilidade e mutabilidade" em italiano), em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente multiplicado por 100).
Enquanto o coeficiente de Gini é sobretudo usado para medir a desigualdade de renda, pode ser também usado para mensurar a desigualdade de riqueza. Esse uso requer que ninguém tenha uma riqueza líquida negativa.

O Coeficiente de Gini na Educação:
  • O Coeficiente de Gini é amplamente utilizado em diversos campos de estudo, como a sociologia, economia, ciências da saúde, ecologia, engenharia e agricultura. Por exemplo, em ciências sociais e economia, além do coeficiente de Gini relacionado à renda, estudiosos publicaram coeficientes relacionados à educação e oportunidades.
O Coeficiente de Gini na educação estima a desigualdade nesta área de uma dada população . É utilizado para discernir tendências em desenvolvimento social através da escolaridade ao longo do tempo. Em um estudo de 85 países, foi estimado que Mali tinha o maior índice de Gini de educação, com 0,92 em 1990 (implicando uma desigualdade muito alta na escolaridade em toda população), enquanto os Estados Unidos tinha a menor desigualdade no índice de Gini, com 0,14. Entre 1960 e 1990, Coreia do Sul, China e Índia tiveram a queda mais rápida em desigualdade de educação, de acordo com o mesmo índice. Os Estados Unidos teve o índice de Gini ligeiramente aumentado em relação ao período de 1980-1990.

 Índice de desenvolvimento Humano:
  • Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos (desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc.
O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu relatório anual.

Origem:

O IDH surge no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH). Estes foram criados e lançados pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq em 1990 e teve como objetivo explícito: "Desviar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional para políticas centradas em pessoas." Para produzir os RDHs, Mahbub ul Haq reuniu um grupo de economistas bem conhecidos, incluindo: Paul Streeten, Frances Stewart, Gustav Ranis, Keith Griffin, Sudhir Anand e Meghnad Desai. Mas foi o trabalho de Amartya Sen sobre capacidades e funcionamentos que forneceu o quadro conceptual subjacente. Haq tinha certeza de que uma medida simples, composta pelo desenvolvimento humano, seria necessária para convencer a opinião pública, os acadêmicos e as autoridades políticas de que podem e devem avaliar o desenvolvimento não só pelos avanços econômicos, mas também pelas melhorias no bem-estar humano. Sen, inicialmente se opôs a esta ideia, mas ele passou a ajudar a desenvolver, junto com Haq, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sen estava preocupado de que seria difícil capturar toda a complexidade das capacidades humanas em um único índice, mas Haq o convenceu de que apenas um número único chamaria a atenção das autoridades para a concentração econômica do bem estar humano.

Critérios de avaliação:
  • A partir do relatório de 2010, o IDH combina três dimensões:
  • Uma vida longa e saudável: Expectativa de vida ao nascer
  • O acesso ao conhecimento: Anos Médios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade
  • Um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita
Até 2009, o IDH usava os três índices seguintes como critério de avaliação:
  1. Índice de educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com quinze anos ou mais de idade — na maioria dos países, uma criança já concluiu o primeiro ciclo de estudos (no Brasil, o Ensino Fundamental) antes dessa idade. Por isso a medição do analfabetismo se dá, tradicionalmente a partir dos 15 anos. O segundo indicador é a taxa de escolarização: somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja ele fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Também entram na contagem os alunos supletivo, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária, nesta área também está incluído o sistema de equivalências Rvcc ou Crvcc, apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.
  2. Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a expectativa de vida ao nascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Reflete as condições de saúde e de salubridade no local, já que o cálculo da expectativa de vida é fortemente influenciado pelo número de mortes precoces.
  3. Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita (por pessoa) do país. Como existem diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida pelo IDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.
Distribuição geográfica:
  • No Brasil se configura uma tendência geográfica similar, com IDH maior concentrado no Sul e no Sudeste, com ramificações para o Centro-Oeste. As regiões de menor IDH ficam no Norte e Nordeste do país, mais nas proximidades da Linha do Equador.Embora não exista nenhum estudo acerca de correlações, de causa-efeito, entre as áreas do globo terrestre, o clima e as latitudes com o IDH das nações, pela observação do mapa com cores indicando o IDH podem-se perceber alguns fatos.
Países com IDH mais alto ficam geralmente nas maiores latitudes, locais de temperaturas médias mais baixas. É o caso da América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia.
  • Com IDH ligeiramente menor nessas latitudes ficam a Rússia e as antigas nações do "bloco comunista", países onde a Renda per capita é menor, havendo, porém, bons índices de alfabetização e expectativa de vida. Ficam aí também a Argentina, Chile e Uruguai, os países de clima mais frio da América Latina.
Nações com IDH intermediário se encontram em sua maioria na América Latina, no Norte da África, Oriente Médio, China, Ásia Central, Irã, nações que ficam entre as latitudes de clima mais frio e as regiões equatoriais.
  • Os países de menor IDH estão claramente nas menores latitudes, climas mais quentes, com forte concentração na África e no Subcontinente indiano. Dentro do próprio continente africano pode ser percebida uma ligeira tendência de maior IDH nos pontos mais afastados da linha do Equador.
As observações acima são ilustrativas, não levando em consideração fatores históricos, culturais, religiosos, políticos, colonialismo, conflitos, riquezas naturais, os quais são determinantes no desenvolvimento das nações e mesmo dentro dos países. Há, assim, algumas exceções ao que foi listado acima, nações de alto IDH nos trópicos (ex. Singapura, Malásia, Brunei e produtores de Petróleo) e de baixo IDH nas regiões frias.

Críticas:
  • O Índice de Desenvolvimento Humano tem sido criticado por uma série de razões, incluindo pela não inclusão de quaisquer considerações de ordem ecológica, focando exclusivamente no desempenho nacional e por não prestar muita atenção ao desenvolvimento de uma perspectiva global. Dois autores afirmaram que os relatórios de desenvolvimento humano "perderam o contato com sua visão original e o índice falha em capturar a essência do mundo que pretende retratar." O índice também foi criticado como "redundante" e uma "reinvenção da roda", medindo aspectos do desenvolvimento que já foram exaustivamente estudados. O índice foi ainda criticado por ter um tratamento inadequado de renda, falta de comparabilidade de ano para ano, e por avaliar o desenvolvimento de forma diferente em diferentes grupos de países.
O economista Bryan Caplan criticou a forma como as pontuações do IDH são produzidas; cada um dos três componentes são limitados entre zero e um. Como resultado disso, os países ricos não podem efetivamente melhorar a sua classificação em certas categorias, embora haja muito espaço para o crescimento econômico e longevidade. "Isso efetivamente significa que um país de imortais, com um infinito PIB per capita iria obter uma pontuação de 0,666 (menor do que a África do Sul e Tajiquistão), se sua população fosse analfabeta e nunca tivesse ido à escola." Ele argumenta: "A Escandinávia sai por cima de acordo com o IDH, porque o IDH é basicamente uma medida de quão escandinavo um país é."
  • As críticas a seguir são comumente dirigidas ao IDH: de que o índice é uma medida redundante que pouco acrescenta ao valor das ações individuais que o compõem; que é um meio de dar legitimidade às ponderações arbitrárias de alguns aspectos do desenvolvimento social; que é um número que produz uma classificação relativa; que é inútil para comparações inter-temporais; e que é difícil comparar o progresso ou regresso de um país uma vez que o IDH de um país num dado ano depende dos níveis de expectativa de vida ou PIB per capita de outros países no mesmo ano. No entanto, a cada ano, os estados-membros da ONU são listados e classificados de acordo com o IDH. Se for alta, a classificação na lista pode ser facilmente usado como um meio de engrandecimento nacional, alternativamente, se baixa, ela pode ser utilizada para destacar as insuficiências nacionais. Usando o IDH como um indicador absoluto de bem-estar social, alguns autores utilizaram dados do painel de IDH para medir o impacto das políticas econômicas na qualidade de vida.
Angola na cauda do Desenvolvimento Humano. Crianças angolanas no 
Bié, Angola 2007.