segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sustentabilidade na Construção Civil

Sustentabilidade na Construção Civil 

  • A história do mundo mostra que a construção civil sempre existiu para atender as necessidades básicas e imediatas do homem sem preocupação com a técnica aprimorada em um primeiro momento. 
O homem pode ser qualificado diferencialmente dos demais seres vivos por inúmeras características, entre elas se inclui o dinamismo de produzir e transformar continuamente suas técnicas através de aperfeiçoamento e estudo contínuo dos resultados. 
  • A constituição das cidades exigiu qualificação e técnicas mais apropriadas e vantajosas para se construir edifícios cada vez mais sustentáveis. Surgem as edificações concebidas com responsabilidade social.
É urgente a identificação das características técnicas que propiciem a execução de um edifício ecologicamente correto tais como: condicionamento de ar, posicionamento de fachada em relação ao nascente/poente do sol, destinação de resíduos sólidos, reuso de água dentre outros. 
  • Também, uma profunda reflexão das principais causas de um estudo preliminar inadequado ou apressado da fase inicial do projeto, tais como: falta de observação da orientação magnética, análise incoerente quanto ao correto uso da edificação, preocupação somente com questões financeiras construtivas sem projeção de custos de manutenção desta edificação.
O presente trabalho pretende apresentar uma abordagem sobre o tema Sustentabilidade na Construção Civil através de casos reais pois as características de uma construção sustentável interferem diretamente na relação do homem/meio-ambiente com questões que podem ser minimizadas quando se resolve investir em um planejamento adequado.
  • Este trabalho apresentará a partir do processo evolutivo dos conceitos de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável uma análise de alguns prédios diante da expectativa de alternativas sustentáveis próprias a cada caso em determinado momento, quando de sua concepção, e explicitar as vantagens oriundas naquele contexto.
Sustentabilidade foi tema de debate iniciado na década de 80 com o Relatório de Brundtland (1987) e era, enquanto definição geral: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas".
  • Daí, pesquisas e estudos em todo o mundo levariam a tópicos relevantes para que se tenha uma construção sustentável nos parâmetros vigentes quanto às questões ambientais. Qualquer observador, mesmo o maior leigo em construção civil, pode claramente constatar quesitos de insustentabilidade, pois o problema salta aos olhos de todos que circulam pelas ruas.
Ao nos reportarmos aos tempos atuais, através de uma simples observação aos prédios de qualquer cidade brasileira – e aqui se ressalta que não é nenhuma crítica, pois na época em que foram construídos atendiam plenamente ao fim a que foram propostos - é fácil perceber que até o presente momento obras ecologicamente correta são relegadas ao segundo plano, para tanto e somente como exemplo, é só atentar para nossas fachadas envidraçadas. Num país de clima tropical quente e úmido, isto seria coerente?
  • Conforme estudos apresentados no corpo do presente trabalho, ressaltaremos a necessidade de reflexão sobre a abrangência dos conceitos de sustentabilidade e principalmente a possibilidade de alterar os parâmetros vigentes para que se possam obter prédios com bases cada vez mais sustentáveis.
A conceituação de sustentabilidade na construção civil varia de acordo com posição em que se encontra o etimologista. Vários “autores” a conceituam emprestando-lhe um enfoque pessoal concomitante a área que lhe é familiar: o ecologista, o biólogo, o engenheiro e até o leigo, porém este, consciente de sua responsabilidade e inserção no meio em que vive.
  • No entanto, este tema não é novo, as discussões sobre sua aplicabilidade ocorrem já há algum tempo. Serão apresentados, neste tópico, os conceitos gerais de sustentabilidade e seu enfoque na Construção Civil.
Histórico:
Paradigma anterior:
  • O mundo era dividido, segundo as concepções financeiras, em norte e sul. O norte era tecnicista e extremamente desenvolvido detendo a tecnologia e o conhecimento em diversas áreas. 
Desta forma detinha maior vantagem em imposição de preços pois era ele que determinava a quem forneceria a tecnologia das máquinas ora aperfeiçoadas.
  • O sul, subjugado ao norte, fornecia-lhe a mão-de-obra – diga-se de passagem muito barata- e a matéria prima; tão necessários para que o norte se impusesse cada vez mais e conseqüentemente se aprimorasse mais na era tecnológica. Em 1950, a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) questionou a divisão econômica tão desigual, não se esquecendo das questões sociais internas, no mundo em geral.
No pós-guerra (1945) todos sofreram com a crise de desenvolvimento devido à obsolescência programada que força a reposição constante de produtos, com o crescimento populacional desequilibrado, a imposição tecnológica dos setores dominantes conseqüentemente surgindo à criação de novas necessidades de consumo para se estar na moda. 
  • Desta forma o conhecimento era detido somente por analistas específicos de cada setor.
Novo Paradigma:
  • O conceito de Desenvolvimento Sustentável é apresentado pela primeira vez na década de 80 pelo Relatório Brundtland, aos temas relacionados aos sistemas que envolvem a Construção Civil. É feita uma reflexão sobre a real abrangência e o alcance destes conceitos de sustentabilidade ao tema principal da pesquisa, que é a sustentabilidade na construção civil.
Em 1992, a declaração do Rio sobre o meio ambiente é o resultado das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ocorreu em junho no Rio de Janeiro, a ECO-92, reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972.
  • O documento produzido define vinte e sete princípios, onde está presente o direito ao desenvolvimento sustentável, atendendo equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras, além de recomendar aos Estados a tarefa de erradicar a pobreza.
A Agenda 21 é mais um resultado das discussões da ECO-92. Trata-se de um documento consensual firmado entre os países, resgatando o termo ‘Agenda’ no seu sentido de intenções, desígnio, desejo de mudanças para um modelo de civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações. Destaca-se ainda que a Agenda 21 não é simplesmente uma Agenda Ambiental e sim uma Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, onde, evidentemente, o meio ambiente é uma consideração de primeira ordem.
  • A Declaração de Política de 2002 da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johannesburg, afirma que o Desenvolvimento Sustentável é construído sobre “três pilares interdependentes e mutuamente sustentadores”: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.
Sustentabilidade na Construção Civil:
  • No presente momento a discussão sobre sustentabilidade avança e envolve cada vez mais, profissional de diversas áreas; e estes, em certos momentos se reúnem para trabalhar em conjunto na busca de soluções para este desafio proposto.
Sustentabilidade:
  • Na década de 60, a ONG Clube de Roma, debatia as questões ambientalistas, e neste ínterim alguns estudiosos em várias partes do planeta esboçavam os primeiros comentários sobre questões que envolviam o tema. 
Em seu primeiro relatório o Clube de Roma (Limits to Growth de 1972) impactou a comunidade científica ao apresentar cenários bastante catastróficos sobre o futuro do planeta se o padrão desenvolvimentista permanecesse-se nos mesmos moldes vigentes da época.
A partir daí vários outros relatórios foram elaborados todos com o mesmo fundamento: 
  • Preservar o meio ambiente. 
Para isso havia a necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista. Podemos, então, citar alguns que são referência como Desenvolvimento Sustentável:
  • Relatório do Clube de Roma: Limites do Crescimento (1968);
  • Declaração de Estocolmo (1972);
  • Relatório de Bruntland: Nosso Futuro Comum (1987);
  • Declaração do Rio (1992);
  • Agenda 21 (1992).
A Declaração de Estocolmo elaborou vinte e seis “princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano”. No entanto, a relação desenvolvimento versus preservação ambiental ficou bastante ambígua conforme pode ser observado no Princípio 11, que diz:
“As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo para se poder enfrentar as conseqüências econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais nos planos nacionais e internacionais”.
Relatório Brundtland:
  • Em 1987 a primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, foi nomeada pela ONU para coordenar os debates ambientais na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou Relatório de Brundtland.
Nele era proposto o desenvolvimento sustentável definido como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”.
  • Nesta nova visão da relação homem/meio-ambiente fica claro que além do limite mínimo para o bem-estar da sociedade existe também um limite máximo para a utilização dos recursos naturais de modo que sejam estes preservados e perpetuados.
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas deve ser tomada pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas:
  • Limitação do crescimento populacional;
  • Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo;
  • Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
  • Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
  • Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
  • Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;
  • Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
Em âmbito internacional, as metas propostas são:
  • Adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas
  • Organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento);
  • Proteção dos ecossistemas supranacionais como a Antártica, oceanos, etc., pela comunidade internacional;
  • Banimento das guerras;
  • Implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são:
  • Uso de novos materiais na construção;
  • Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
  • • aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
  • Reciclagem de materiais reaproveitáveis;
  • Consumo racional de água e de alimentos;
  • Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.
Conferência das Nações Unidas: 
Sobre meio ambiente e desenvolvimento ECO-92:
  • Previsto no Relatório “Nosso Futuro Comum”, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), também conhecida como ECO-92, foi realizada de 3 a 14 de junho de 1992. A cidade do Rio de Janeiro foi a sede do encontro que reuniu representantes de 175 países e de Organizações
Não-Governamentais (ONGs). Considerado o evento ambiental mais importante do século XX, a ECO-92 foi a primeira grande reunião internacional realizada após o fim da Guerra Fria.
  • Os compromissos específicos adotados pela ECO-92 incluem três convenções: uma sobre Mudança do Clima, sobre Biodiversidade e uma Declaração sobre Florestas. 
A Conferência também aprovou documentos com objetivos mais abrangentes e de natureza mais política: a Declaração do Rio e a Agenda 21. Ambos endossam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável, que combina o progresso econômico e material com a necessidade de uma consciência ecológica.
  • Desde a conferência, as relações entre países ricos e pobres têm sido conduzidas por um novo conjunto de princípios inovadores, como os de "responsabilidades comuns, mas diferenciadas entre os países", de "o poluidor paga" e de "padrões sustentáveis de produção e consumo". 
Além disso, com a adoção da Agenda 21, a Conferência estabeleceu objetivos concretos de sustentabilidade em diversas áreas, explicitando a necessidade de se buscar novos recursos financeiros para a complementação em nível global do desenvolvimento sustentável.

Convenção da biodiversidade:
  • A Convenção da Biodiversidade, acordo aprovado durante a ECO-92 por 156 Estados e uma organização de integração econômica regional, e que foi ratificada pelo Congresso Nacional, entrou em vigor no final de dezembro de 1993. Os objetivos da convenção são: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos.
Agenda 21:
  • O principal documento produzido na ECO-92, o "Agenda 21" é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. Ele concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. 
Este documento está estruturado em quatro seções subdivididas num total de 40 capítulos temáticos. Eles tratam dos seguintes temas:
  • Dimensões Econômicas e Sociais – enfocam as políticas internacionais que podem ajudar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, as estratégias de combate à pobreza e à miséria, as mudanças necessárias a serem introduzidas nos padrões de consumo, as inter-relações entre sustentabilidade e dinâmica demográfica, as propostas para a promoção da saúde pública e a melhoria da qualidade dos assentamentos humanos.
  • Conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento – apresenta os diferentes enfoques para a proteção da atmosfera e para a viabilização da transição energética, a importância do manejo integrado do solo, da proteção dos recursos do mar e da gestão eco-compatível dos recursos de água doce; a relevância do combate ao desmatamento, a desertificação e a proteção aos frágeis ecossistemas de montanhas; as interfaces entre diversidade biológica e sustentabilidade; a necessidade de uma gestão ecologicamente racional para a biotecnologia e, finalmente, a prioridade que os países devem conferir à gestão, ao manejo e a disposição ambientalmente racional dos resíduos sólidos, dos perigosos em geral, dos tóxicos e radioativos.
  • Medidas requeridas para a proteção e promoção de alguns dos segmentos sociais mais relevantes - analisa as ações que objetivam a melhoria dos níveis de educação da mulher, bem como a participação da mesma, em condições de igualdade, em todas as atividades relativas ao desenvolvimento e a gestão ambiental. Adicionalmente, são discutidas as medidas de proteção e promoção a juventude e aos povos indígenas, às ONG's, aos trabalhadores e sindicatos, à comunidade científica e tecnológica, aos agricultores e ao comércio e a indústria.
  • Revisão dos instrumentos necessários para a execução das ações propostas - discute os mecanismos financeiros e os instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais; a produção e oferta de tecnologias ecos-consistentes e de atividade científica, enquanto suportes essenciais a gestão da sustentabilidade; a educação e o treinamento como instrumentos da construção de uma consciência ambiental e da capacitação de quadros para o desenvolvimento sustentável; o fortalecimento das instituições e a melhoria das capacidades nacionais de coleta, processamento e análise dos dados relevantes para a gestão da sustentabilidade.
A aceitação do formato e conteúdo da Agenda - aprovada por todos os países presentes à Rio 92 - propiciou a criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc). 
  • A CDS tem por objetivo acompanhar e cooperar com os países na elaboração e implementação das agendas nacionais, e vários países já iniciaram a elaboração de suas agendas nacionais. Dentre os países de maior expressão política e econômica, somente a China terminou o processo de elaboração e iniciou a etapa de implementação.
Conferindo a Agenda 21:
  • As ONG’s que participaram da ECO-92 acabaram desempenhando um papel fiscalizador, que pressiona os governos de todo o mundo a cumprir as determinações da Agenda 21.
De 23 a 27 de junho de 1997, em Nova Iorque, foi realizada a 19ª Sessão Especial da Assembléia-Geral das Nações Unidas. Com o objetivo de avaliar os cinco primeiros anos de implementação da Agenda 21, o encontro identificou as principais dificuldades relacionadas à implementação do documento, priorizou a ação para os anos seguintes e conferiu impulso político às negociações ambientais em curso.
  • Para os países em desenvolvimento, o principal resultado da Sessão Especial foi a preservação intacta do patrimônio conceitual originado na ECO-92. O documento final incorporou, assim, uma "Declaração de Compromisso", no qual os chefes de delegação reiteram solenemente o compromisso de seus países com os princípios e programas contidos na Declaração do Rio e na Agenda 21, assim como o propósito de dar seguimento a sua implementação.
Construção Sustentável e Princípios Básicos:
  • A incorporação de práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência crescente no mercado. Sua adoção é “um caminho sem volta”, pois diferentes agentes – tais como governos, consumidores, investidores e associações – alertam, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar essas práticas em suas atividades.
Para tanto, o setor da construção precisa se engajar cada vez mais. As empresas devem mudar sua forma de produzir e gerir suas obras. Elas devem fazer uma agenda de introdução progressiva de sustentabilidade, buscando, em cada obra, soluções que sejam economicamente relevantes e viáveis para o empreendimento. Qualquer empreendimento humano para ser sustentável deve atender de modo equilibrado, a quatro requisitos básicos:
  • Adequação ambiental;
  • Viabilidade econômica;
  • Justiça social;
  • Aceitação cultural.
A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios básicos da construção sustentável, dentre os quais destacamos:
  • Aproveitamento de condições naturais locais;
  • Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
  • Implantação e análise do entorno;
  • Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar;
  • Qualidade ambiental interna e externa;
  • Gestão sustentável da implantação da obra;
  • Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
  • Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;
  • Redução do consumo energético;
  • Redução do consumo de água;
  • Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
  • Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
  • Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
O Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB) define a construção sustentável como “o processo holístico para restabelecer e manter a harmonia entre os ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica” (CIB, 2002, p.8).
  • É importante notar que o Conselho fala de “restabelecimento da harmonia”, isso porque muitos processos que privilegiavam o aproveitamento passivo de fatores naturais, como luz, calor, ventilação, entre outros, foram abandonados com o advento da energia elétrica e tecnologias de aquecimento e resfriamento artificiais. Há espaço para o resgate de antigas tecnologias e processos para o aumento da sustentabilidade das edificações. Pequenas mudanças, adotadas por todos, podem trazer grandes benefícios sem grandes impactos no custo final do empreendimento.
A noção de construção sustentável deve estar presente em todo o ciclo de vida do empreendimento, desde sua concepção até sua re-qualificação, desconstrução ou demolição. É necessário um detalhamento do que pode ser feito em cada fase da obra, demonstrando aspectos e impactos ambientais e como estes itens devem ser trabalhados para que se caminhe para um empreendimento que seja: uma idéia sustentável, uma implantação sustentável e uma moradia sustentável.

Enfoque Ético Social:
  • Um enfoque social ao tema é dado pelo engenheiro Ubiratan Félix “a dificuldade de acesso à moradia de amplos setores populacionais é a principal ameaça a sustentabilidade das cidades brasileiras, já que, em razão da exclusão de grande parte da população do mercado imobiliário formal cresce o déficit habitacional e as normas de ocupação irregulares em áreas de risco, de proteção ambiental e de mananciais” (Félix, p.61).
O arquiteto Jaime Pusch traz uma visão ética para o mesmo conceito: “a sustentabilidade é uma recomendação pró-ativa. Apresenta-se ao agente de desenvolvimento como uma condicionante definitiva de sua ação sobre o meio. 
  • O conceito de ação sustentável passa também pela consideração do homem como ser integrante da natureza e propõe a harmonização dos seus interesses peculiares consigo mesmo e seu entorno” (Pusch, p.30).

Sustentabilidade na Construção Civil

Construção Sustentável nas Cidades:
  • A arquiteta Marta Romero aborda o tema numa perspectiva processual, trazendo o conceito para a cidade, ampliando a visão além da simples dimensão ecológica:
“a construção da sustentabilidade nas cidades brasileiras significa enfrentar várias questões desafiadoras, como a concentração de renda e a enorme desigualdade econômica e social, o difícil acesso a educação de boa qualidade e ao saneamento ambiental, o déficit habitacional e a situação de risco de grandes assentamentos, além da degradação dos meios construído e natural, e dos acentuados problemas de mobilidade e acessibilidade” (Romero, p.55).
Marta Romero propõe um urbanismo sustentável baseado em premissas de desenho participativo, arquitetura da paisagem, bioclimatismo e eficiência energética. A sustentabilidade emerge da integração de quatro elementos:
  1. Desenvolvimento econômico, que inclui habitação acessível, segurança pública, proteção do meio ambiente e mobilidade;
  2. Inclusão social, reconciliando interesses para identificar e alcançar valores e objetivos comuns;
  3. Previsão de objetivos em longo prazo (preservação para as gerações futuras);
  4. Qualidade pela preservação da diversidade e não a quantidade.
Todos estes conceitos são importantes, e se complementam, uma vez que permitem uma compreensão do que vem a ser a sustentabilidade através de uma aproximação de seus múltiplos significados ao tema da Construção Civil. Caso se deseje classificar uma ação relacionada à construção civil como plenamente sustentável, deve-se ainda lembrar que a dimensão social deve ser envolvida, contribuindo para diminuir a pobreza e promovendo a igualdade social nas cidades.
  • Outro aspecto relevante que pode ser notado é que o conceito de sustentabilidade não é fechado, não é possível atingir uma sustentabilidade absoluta. Um projeto poderá sempre adotar soluções que diminuam seu impacto no meio ambiente; analisado sob outros aspectos poderá não ser plenamente sustentável. Outra importante consideração a se fazer está na definição da metodologia utilizada para encarar os problemas urbanos. 
Apesar dos avanços científicos que fornecem poderosas ferramentas de trabalho para o planejador, tais como programas de geo-referenciamento, fotos aéreas tiradas de satélites, programas que permitem trabalhar simultaneamente várias disciplinas de planejamento; pode-se apontar como o maior obstáculo a ser vencido a maneira de pensar soluções para os mais graves problemas de nossas cidades. 
  • Freqüentemente poderá um planejador despreparado se deixar levar pelo pensamento linear, que não é uma alternativa adequada aos problemas humanos.  Por exemplo: pode-se inferir que a presença de uma favela no meio urbano gera violência, no entanto acabar com a favela não é solução definitiva para se eliminar a violência.
Algumas estratégias de análise podem ser propostas para aproximar o conceito geral definido pelo relatório Brundtland para o tema construção civil sustentável, em especial alguns estudos de casos reais, objeto deste estudo, pois as características de uma construção sustentável interferem diretamente na relação do homem/meio-ambiente com questões que podem ser minimizadas quando se resolve investir em um planejamento eco-eficiente adequado.
  • As gerações futuras, para as quais voltamos nossa atenção permitindo tenham recursos para atender suas próprias necessidades, vão precisar habitar o planeta de forma sustentável, usufruindo o meio ambiente natural, produzindo alimentos e bens de consumo, comunicando-se, relacionando-se e habitando residências salubres, seguras e igualmente sustentáveis.
A análise de algumas edificações onde se objetivou alcançar plenamente o conceito de uma construção sustentável será feita tendo em mente que estas construções se relacionam com vários outros sistemas: redes de abastecimento de água e energia, rede de esgotos, sistemas de drenagem pluvial, bacias hidrográficas, micro clima local, que estão intrinsecamente ligados numa rede de conexões que irá culminar numa abrangência que atinge a todos os habitantes do planeta, portanto o conceito de construção sustentável além de muito abrangente envolve inúmeros fatores e, alguns extrapolam os conceitos tradicionais.
  • Com base nos princípios apresentados, aplicando-os para se alcançar a sustentabilidade na construção civil, apresentaremos algumas fotos de edificações onde todos os profissionais envolvidos no processo conceptivo e executivo buscaram o aprimoramento em construção sustentável de acordo com conceitos regionais e temporais. Em seguida será feita uma análise das fotos apresentadas apontando e justificando as soluções técnicas utilizadas que permitem qualificá-los como sustentáveis.
Portanto este trabalho objetiva mostrar que soluções sustentáveis envolvem inúmeros fatores, por isso não devemos enrijecer nossos conceitos e levar em consideração que ao se almejar executar uma construção sustentável o projetista levou em consideração fatores que escapam a nós para se analisar com toda amplitude tal projeto. O importante é que se poderá demonstrar que a construção civil sustentável é viável, e contribui para a preservação do meio ambiente.
  • Podemos, ao analisar o planeta como um todo, conceituar que quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser resolvidos isoladamente. É sistêmico, o que significa que são interligados e interdependentes.
Uma visão holística do mundo, concebido como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas pode ser também denominada uma visão ecológica, considerando o sentido amplo do termo, que reconhece o valor de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Esta percepção holística, que coloca a ênfase no todo, tornou-se conhecida como “sistêmica”. Os pioneiros do pensamento sistêmico foram os biólogos, que enfatizavam a concepção dos organismos vivos como totalidades integradas.
  • Pode-se então estabelecer uma relação entre o conhecimento e a visão holística que reconhece o planeta como um todo integrado, percebendo que são formas de pensar semelhantes, analisando problemas correlatos a uma questão crucial que deve ser encarada neste momento: a sustentabilidade ambiental, especialmente a ser abordada nesta pesquisa, a sustentabilidade na construção civil.
O meio ambiente não deve ser pensado dissociado de todos os outros sistemas planetários; o meio ambiente que abrange os meios natural, rural e urbano, em última análise, é o próprio planeta. A sustentabilidade ambiental, para ser plenamente alcançada através desta nova postura holística, deve ser abordada em todas as suas implicações, nas esferas das atividades humanas, sejam elas familiares, educacionais, habitacionais, produtivas, extrativistas ou exploratórias, de consumo de produtos, prestação de serviços, de pesquisa, e até mesmo nas atividades futuras, aquelas que ainda nem foram inventadas. 
  • A metodologia utilizada na elaboração do tema será então a sistêmica; entender as coisas sistematicamente significa colocá-las dentro de um contexto e estabelecer a natureza de suas relações. Qualquer ação proposta para diminuir impactos da construção civil sobre o meio ambiente contribui, em última instância, para a sustentabilidade de todo o planeta.
Sustentabilidade na Construção Civil:
  • A sustentabilidade, com suas múltiplas implicações, deve ser buscada em todas as esferas das ações correlatas ao sistema da construção civil. A abordagem que se fará a seguir busca aproximar o conceito amplo da sustentabilidade na construção civil.
Pré-condições de Empreendimentos Sustentáveis:
  • O primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o compromisso das empresas da cadeia produtiva a criarem as bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis. Apresentamos aqui três pré-condições fundamentais para a construção dessa base:
Pré-condição 1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade:
  • A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e disseminados nos processos das empresas. 
A gestão da qualidade, especialmente a busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a sustentabilidade porque estimula a melhoria constante dos processos empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos naturais, produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

Pré-condição 2 – Sustentabilidade não combina com informalidade:
  • É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços, assim como a equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham com fornecedores informais também se tornam informais, alimentando este ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda a empresa e de todos os seus processos. 
Além de garantir a legitimidade da empresa, a seleção de fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na cadeia produtiva e conseqüente eliminação de empresas com baixa produtividade que só se mantêm no mercado por economias advindas de atividades ilícitas.

Pré-condição 3 – Busca constante pela inovação:
  • Utilizar novas tecnologias, quando possível é adequado. Caso inviável, buscar soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as empresas tenham relações estreitas com agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na oferta de novos materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão-de-obra.
A base para a sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos, daí a necessidade e importância de inovações.

Política Urbana Sustentável:
  • O trecho abaixo retirado do capítulo “Reformulando a Governança Global” da publicação O Estado do Mundo 2002, elaborado pela ONG World Watch Institute, explica o que vem a ser a “boa governança urbana”:
“À medida que a população mundial se torna mais urbana e governos nacionais deslocam algumas responsabilidades para cidades e vilas, as autoridades municipais estão se tornando cada vez mais importantes”.
Em 1999 a Habitat, a agência das Nações Unidas responsável por assentamentos humanos, lançou uma campanha global que objetiva ajudar as pessoas a ter voz nos governos locais. Ela está desenvolvendo um consenso em sete princípios da boa governança urbana:
  • Sustentabilidade: equilibrar as necessidades sociais, econômicas e ambientais de gerações atuais e futuras, por exemplo, elaborando um plano de ação de uma Agenda 21 local para o meio ambiente e o desenvolvimento;
  • Subsidiaridade: descentralizar responsabilidades e recursos ao nível inferior mais adequado;
  • Igualdade: assegurar que todos os cidadãos tenham acesso à tomada de decisão;
  • Eficiência: administrar a receita municipal de forma economicamente viável;
  • Responsabilidade: obrigar as autoridades locais a prestar contas aos cidadãos, melhorando o acesso às informações governamentais;
  • Participação: promover o engajamento cívico e a cidadania, por exemplo, fazer uso de audiências públicas e pesquisas; e
  • Segurança: "esforçar-se em manter seguros os logradouros públicos, por exemplo, envolvendo os cidadãos na prevenção de crimes e conflitos e prontidão contra desastres, ou desenvolver uma campanha de conscientização pública a fim de encorajar a tolerância à diversidade.” (French, p. 226).
No Brasil a responsabilidade sobre a política de desenvolvimento urbano foi “deslocada” da esfera federal para os municípios. Os municípios devem aprovar em lei suas diretrizes de desenvolvimento; o plano diretor é uma lei que estabelece um pacto entre o governo municipal e a população, garantindo a continuidade das ações propostas mesmo que ocorra mudança no comando da
administração municipal.

Práticas Urbanísticas Sustentáveis:
  • Um mesmo município pode possuir zonas climáticas distintas; portanto estratégias diferenciadas devem ser utilizadas na implantação da edificação, para permitir o aproveitamento das potencialidades micro climática e subseqüente bom desempenho energético.
A pesquisa sobre o micro clima local começa com o levantamento sobre a intensidade de ventos, sobre a umidade e a temperatura do ar, sobre o comportamento destas variáveis nas diferentes estações ao longo do ano. Para cada situação levantada, podem-se aplicar certas estratégias arquitetônicas. Podemos resumir algumas estratégias bioclimáticas que podem ser incorporadas ao desenho urbano:
  • Ventilação permanente: aplicada em área urbana necessária para manter a qualidade do ar. Quanto ao projeto arquitetônico urbanístico pode-se garantir a passagem do ar através de divisas descontínuas ou devido a implantações não contínuas, em locais quentes não obstruir a passagem de ar por lagos ou rios (traçados viários que permitam o fluxo de ar).
  • Resfriamento evaporativo: consiste em retirar o calor do ambiente pela evaporação da água, conseqüentemente aumenta a umidade relativa do ar e reduz sua temperatura. Nas áreas urbanas pode-se conseguir criar um micro clima mais ameno através da implantação de espelhos d’água ou lagos na direção dos ventos, em espaços públicos ou praças. O uso de vegetação próxima à edificação ajuda a deixar a temperatura mais amena devido à evapotranspiração das plantas.
  • Iluminação natural: estratégias para promover a iluminação natural das edificações são recomendadas para todos os tipos de micro clima, pois promovem conforto lumínico, salubridade e são eficazes na busca pela eficiência energética das edificações.
  • Sombreamento: É um procedimento que visa evitar o sobre aquecimento das superfícies expostas à insolação direta. A colocação de plantas ao redor das edificações diminui o albedo (reflexão da radiação em direção a casa), evita também que o piso acumule calor durante o dia e o irradie de volta durante a noite. Praças e ruas arborizadas é outra forma de controlar a insolação excessiva amenizando-se assim o calor no interior das edificações e na área urbana como um todo.
Parâmetros para uma edificação sustentável:
Redução do desperdício:
  • Um estudo publicado pela Universidade Politécnica de Hong Kong – A Guide for Minimizing Construction and Demolition Waste at the Design Stage – apresenta uma série de recomendações e mudanças de atitude em relação ao tratamento dado às novas construções, trazendo princípios de redução de desperdícios que começam antes mesmo de entrar no canteiro de obras. 
A concepção do projeto deve objetivar o aumento da vida útil do edifício, especificando materiais adequados e minimizando desperdícios de insumos advindos da obra, que muitas vezes ocorrem por deficiências de projeto. 
  • O método construtivo adequado também contribui na busca da redução do desperdício. Redução de desperdício implica na redução no consumo de energia (que foi gasta na produção de insumos e materiais), contribuindo para uma construção civil mais sustentável.
Conservação e Reabilitação de Edifícios Antigos:
  • A necessidade da demolição de edifícios existentes devido ao comprometimento de sua segurança estrutural ou obsolescência funcional pode ser evitada caso seja possível dar continuidade à ocupação da edificação. 
A melhor maneira de reduzir desperdícios advindos de uma demolição é exatamente evitar que ela ocorra, ao perpetuar o uso do edifício. A manutenção predial prolonga sua vida útil, proporciona a conservação e boa aparência da construção, mantém as condições de segurança estrutural e da construção como um todo.
  • Um imóvel que se encontra vazio ou abandonado devido a sua não adequação espacial ao uso anterior pode ser reocupado, recebendo uma nova destinação funcional. Ainda que sejam necessárias alterações no desenho interno ou pequenas reformas, seus custos serão sempre menores que sua derrubada para a construção de um novo edifício.
Reciclagem:
  • A reciclagem de resíduos da construção civil é um tema muito amplo e relaciona-se diretamente ao tema deste trabalho. A reciclagem visa à redução do uso de recursos naturais e permanência da matéria-prima no processo de produção.
Segundo a Resolução 307 do CONAMA, resíduos da construção civil são aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e os resultantes da preparação e escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solo, rocha, madeira, forro, argamassa, gesso, telha, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulho de obra, caliça ou metralha.
  • Uma proposta de gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos deve priorizar sempre a redução da geração de resíduos na fonte. No entanto, quando existir a geração dos resíduos, deve-se buscar a reutilização ou a reciclagem. Somente quando não existir possibilidade de reciclá-los é que os resíduos devem ser incinerados (com recuperação de energia) ou aterrados. 
Um processo de reciclagem de qualidade requer um resíduo de qualidade, o que implica segregar os resíduos junto à fonte geradora, ou seja, nos próprios canteiros de obra. Para que o ciclo da reciclagem se estabeleça, é fundamental que o construtor/gerador tenha consciência da importância do seu papel neste processo.
  • Primeiro, com relação à adoção de uma postura racional e criativa, que facilite a evolução das técnicas construtivas e de gestão de recursos humanos, viabilizando assim a redução de diferentes formas de desperdício.
Segundo, com relação à segregação dos resíduos nos canteiros de obra, o que permite assegurar uma maior qualidade dos resíduos e reduzir custos de beneficiamento, fortalecendo o processo de produção de materiais reciclados.
  • A viabilização da coleta seletiva envolve o desenvolvimento de um Plano de Gerenciamento de Resíduos em cada obra, incluindo a conscientização e sensibilização da mão-de-obra e a introdução de rotinas de segregação/armazenamento dos resíduos e a organização dos seus fluxos.
A reciclagem de resíduos industriais, ou co-processamento, é o segundo método mais utilizado na destinação final de resíduos industriais no Brasil, atrás apenas do aterro industrial (ver Resolução CONAMA Nº. 264). Co-processar significa substituir combustível e/ou matéria prima por resíduos industriais na produção do clínquer, precursor do cimento, ou seja, é a destruição térmica dos resíduos, perigosos ou não.
  • Duas grandes empresas brasileiras do setor cimenteiro possuem segmento especial para lidar com o co-processamento. Os tipos de resíduos que podem ser co-processados são, em sua maioria, oriundos das indústrias petroquímicas, automobilística, alimentícia e mineração.
Um site experimental, a Bolsa de recicláveis, criado em outubro de 2006 pela Fiemg administra uma rede de empresas geradoras de resíduos, cadastrando interessados em comprar e vender material reciclado ou passível de coprocessamento.
  • A bolsa analisa e caracteriza o material, o insere no site e acompanha a negociação entre as partes. A bolsa permite a criação de grupos geradores próximos geograficamente, diminuindo os custos de transporte de resíduos até o local de reciclagem.
Dentre os problemas que dificultam as práticas de reciclagem o maior obstáculo a ser vencido talvez seja a falta da cultura da reciclagem. Para torná-la viável todos os envolvidos deveriam cumprir seus papéis, os clientes, que devem avaliar a real necessidade de construir, diante da possibilidade de adequar um edifício existente às suas necessidades; empresas construtoras, que devem buscar reduzir as perdas e a geração de resíduos por meio da adoção de métodos construtivos mais racionais e governo local, fiscalizando geradores e transportadores, visando coibir as disposições irregulares dos resíduos em áreas públicas e/ou privadas que não tenham licença ambiental e estimulando o uso de materiais reciclados nas obras públicas, em especial as de habitações populares.

No Concurso Público Nacional de Arquitetura para Novas Tipologias 
de Habitação de Interesse Social Sustentáveis