terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Turismo e sustentabilidade ambiental

Trem turístico que faz o trajeto entre Curitiba e Paranaguá

Lindenberg da Câmara Medeiros
Pós-graduado em Gestão Sócio- Ambiental pela Faculdade de Ciência Aplicada do Paraná.
Paulo Eduardo Sobreira Moraes
Engenheiro Químico. Doutor em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná, onde atua como docente.


  • O acesso do turismo a uma ampla parcela da população a partir da segunda metade do século XX deve-se a diferentes transformações de cunho econômico, técnico e sociocultural, relacionadas ao desenvolvimento do transporte aéreo e das telecomunicação, de novos procedimentos de gestão e ao surgimento de novos destinos turísticos, juntamente com uma melhora geral da qualidade de vida da população nos países desenvolvidos, com o aumento do tempo livre e a introdução do consumo generalizado do turismo (FAYOS, 1993).
Para De la Torre:
"o turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural." (De la Torre,1992, p. 19).
O turismo vem crescendo de forma rápida e desordenada em várias localidades alvo de visitação turística, algo comum a todas as atividades “novas” que se estabelecem no cenário social. E atualmente vivencia a busca de espaço e reconhecimento de seu valor, movimento este liderado por todos os envolvidos, principalmente os profissionais atuantes e empresas ligadas ao mesmo. 
  • Certamente, esta ocorrência se deve ao fato da grandiosidade da atividade, que pode ser percebida pelo crescente número de profissionais que buscam uma formação na área; pelo número de investimentos destinados ao turismo; pelos estudos sociais e econômicos direcionados. 
O turismo exerce impactos significativos na vida das pessoas que viajam e dos habitantes locais do destino visitado. Muitas preocupações com o meio ambiente foram surgindo nas últimas décadas, pois nem todos os recursos naturais são finitos e renováveis. E, principalmente, quando a atividade turística é realizada em ambientes naturais, é preciso elaborar planos e projetos com muita cautela, organização e em um âmbito multidisciplinar, pois estes abarcam diversas esferas do conhecimento. 
  • Vale ressaltar o acompanhamento em relação às leis ambientais para construir um planejamento viável que visa à obtenção de um desenvolvimento sustentável. O setor do turismo tem sido alvo, nos últimos tempos, de uma forte explosão do desenvolvimento de ideias e ações. 
A demanda é crescente por causa do aumento da população e da complexidade urbana, provocada pelo capitalismo e seus modos de produção, e da busca por opções diferenciadas para a satisfação pessoal. O turismo é evasão, sonho, saída do cotidiano e da mesmice. 
  • O Turismo não se encaixa no quesito das necessidades básicas, como alimentação, moradia, saúde e educação, por ser considerado secundário na escala de prioridades dos consumidores. Mas a atividade turística deixou de ser vista como um capricho. 
Uma vez atendidas as suas necessidades primárias, o ser humano passa a relacionar suas necessidades principalmente com status, cultura e lazer – e é aqui que o turismo encontra sua atuação.
  • A atitude de um turismo sustentável vai ao encontro do desenvolvimento de uma atividade que expressa em todos os seus momentos a consciência humana com seus efeitos. Não há mais como afirmar a inexistência das consequências, por vezes negativas, de práticas galgadas em visões simplesmente econômicas, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente, reconhecendo a limitação dos recursos naturais a serem explorados. 
Da mesma forma, não se pode esquecer o vínculo humano com sua cultura, com suas tradições, com sua história e colocar abaixo o cenário e organização social constituída na heterogênea sociedade contemporânea.
  • As atividades turísticas transformam o espaço alterando as relações dos moradores locais que passam a fazer parte da produção de bens e serviços da própria atividade turística, ou seja, o turismo assume o papel de agente modificador da realidade. 
E segundo Pellegrini (2000) todo efeito ou alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade é considerada um impacto, e ainda conforme os tipos de intervenções, modificações produzidas e eventos posteriores, podem-se avaliar qualitativamente e quantitativamente o impacto classificando-o de caráter positivo ou negativo, ecológico, social e/ou econômico.
  • Dentro da proposta do turismo e da sustentabilidade ambiental, o referente artigo científico discorre acerca da definição de turismo e sustentabilidade, sustentabilidades turísticas, o perfil do novo turista e a necessidade de implementação de um turismo alternativo e tendo como base o planejamento responsável, deixando claro que este pode ser feito de forma sustentável e eficaz?
O referido artigo objetiva identificar possíveis impactos ambientais negativos e positivos e apresentar ocorrências de formas de atividades turísticas que promovam a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
  • Especificamente a pesquisa aponta que os seguintes pontos: detectar possíveis impactos negativos inerentes a ocorrência de um turismo massivo e desordenado com a proposta de mitigação de tais impactos, implementar formas e praticas de turismo ecologicamente correto afim de obter maior benesses nas localidades alvo de visitações, fomentar uma maior sensibilização com relação a ações e práticas turísticas sustentáveis trazendo benefícios a população local bem como extensivamente aos seus visitantes.
Atualmente, propaga-se que a atividade turística é tida como um grande impulsionador do desenvolvimento socioeconômico e cultural em diversas localidades que são objeto de realização de tal atividade, portanto essa atividade vem se caracterizando como um negócio que vem se expandindo em proporções globais, sendo uma grande geradora de renda e criadora de vários postos de emprego. 
  • As transformações geradas pela atividade turística têm apresentado impactos nas localidades onde é praticada e com isso tem se buscado alternativas com o intuito de se mitigar os possíveis impactos negativos trazidos por esta, sendo um dos meios de mitigação o planejamento minucioso e consciente da forma de como o turismo é exercido tendo por base a perspectiva do desenvolvimento sustentável.
O acelerado crescimento da atividade turística em todo o mundo faz com que haja a necessidade de se proporcionar uma infraestrutura adequada e sustentável para suprir as necessidades da demanda de turistas que visitam os mais variados destinos turísticos e com isso é de suma importância à criação de empresas, complexos turísticos e prestadores de serviços que visem o desenvolvimento sustentável proporcionado por meio de um turismo consciente por meio de um planejamento sério, responsável e comprometido com a causa ambiental e o equilíbrio entre economia, meio ambiente e comunidade local.
  • O pensamento e a ação efetiva de um turismo sustentável produz um desenvolvimento humanizado e conscientizado não mais ignorando as consequências, por vezes negativas, de um turismo encarado muitas vezes somente pelo viés econômico para obtenção de um maior crescimento de renda proveniente do mesmo alegando se com isso a promoção do maior desenvolvimento das localidades turísticas. 
Com base nisso se faz de grande valia a abordagem do aspecto cultural da atividade turística onde não sejam preterido os costumes, as tradições e os valores históricos das possíveis localidades e comunidades alvo de uma massiva visitação e demanda turística.
  • Pode-se claramente constatar que o turismo é um fenômeno crescente de transformação e de grande relevância dentro do mercado globalizado, pois este traz constante inovação, segue tendências e atualiza-se periodicamente com o objetivo de suprir as necessidades do exigidas por tal mercado. 
O referido fenômeno expande-se vertiginosamente em vários países, proveniente dos mais variados fatores como por exemplo, o aumento do tempo livre do homem, da renda pessoal e ainda como um produto latente da sociedade contemporânea, sendo o turismo cada vez mais perceptível na vida das pessoas dos mais variados lugares do globo, seja através da mídia especializada ou pelas relações sociais dos indivíduos. 
  • A necessidade do homem globalizado por lazer, cultura, entretenimento, viagem, enfim, tudo que de alguma forma altere o seu cotidiano, estão cada vez mais sendo instigados e incentivados.
A proposta de extensão de uma atividade turística sustentável é um grande paradigma, visto como um desafio pelos especialistas e estudiosos do fenômeno do turismo, pois um crescimento desordenado, muitas vezes tido como um fator de crescimento socioeconômico de uma certa localidade turística pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como, a descaracterização cultural e um desequilíbrio econômico-social.
  • A contextualização positiva do desenvolvimento sustentável no âmbito do turismo se materializa no intuito de mitigar as tensões e os impactos negativos gerados pelas complexas interações entre o trade, os visitantes, o ambiente natural e as comunidades locais que recepcionam os turistas [...] Uma perspectiva que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos. (apud GARROD; FYALL, 1998. p 201).
O desenvolvimento em longo prazo é a essência da sustentabilidade, e para se obter sucesso, é necessário à interação da população local, e com isso, alcançar uma melhor qualidade de vida, podendo estabelecer uma relação harmoniosa entre turistas e anfitriões, gerando valores agregados por meio de leis de otimização e não só da maximização de rendas, proporcionando assim a inclusão e a coesão social e política num processo de desenvolvimento integrado, trazendo basicamente a preocupação com a conservação, o meio físico e natural das formas de organização das comunidades receptoras, seus atos, costumes e tradições inseridas na fase do planejamento para que não haja uma descaracterização da identidade especifica de uma localidade turística.
``... é preciso buscar o apoio da comunidade desde o início da organização territorial destinada a impulsionar o turismo. Sabe-se que é difícil, mas é possível, até imprescindível, para se alcançarem os resultados satisfatórios do desenvolvimento sustentável do turismo com base local`` (Magalhães, 2002, p. 20).
Finalmente, pode-se afirmar que o planejamento das atividades oriundas do fenômeno turístico é essencial para que mesmo, trazendo impactos negativos este seja vetor de uma maior quantidade de benefícios para as comunidades visitadas e tendo sempre como enfoque o desenvolvimento sustentável.
  • Justifica-se a seguinte pesquisa a busca da detecção de impactos que trazem efeitos negativos nos aspectos ambiental, social e econômico causados pela atividade turística e a proposta de apresentar modelos de práticas turística sustentáveis através de um planejamento mais minucioso e eficaz que abrange o tripé base da sustentabilidade afim de mitigar os efeitos negativos causados pelo fenômeno turístico desordenado nas localidades visitadas.
A execução para o desenvolvimento do referido artigo se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica em registros escritos e de um grande suporte em pesquisa documental bibliográfica em livros, meios eletrônicos, para a definição, consequências e caracterização da dinâmica da temática abordada, replicando conhecimentos relevantes para o melhor desempenho da atividade turística, sem uma aplicação prática prevista, no entanto apresenta definições e aplicabilidades, com o campo de abordagem da problemática sob uma perspectiva qualitativa, vindo trazer melhor entendimento da atividade turística e a extensão do fenômeno, definindo um aspecto descritivo. 
  • Para um embasamento teórico, o artigo apresenta conceitos de turismo, sustentabilidade e sustentabilidade turística, para fundamentar a aplicação de acordo com o eixo temático. 
Esta pesquisa preocupou-se com a descrição do contexto diante de uma realidade construída socialmente sobre o ponto de vista inerente ao desenvolvimento do turismo e suas influências em localidades alvo de tal fenômeno. 
  • Definiu-se estruturar o presente artigo científico da seguinte forma: uma introdução; a fundamentação teórica; justificativa e metodologia de coleta de dados; embasamento abordando respectivamente: conceitos de turismo, sobre o turista, atividade turística e meio ambiente, contextualização a cerca da sustentabilidade, relação entre turismo e desenvolvimento sustentável, propostas sobre turismo sustentável ou alternativo, o turismo como mitigador de problemas ambientais, o turismo como base do desenvolvimento local e finalmente a conclusão a cerca do referido artigo.
A Organização Mundial de Turismo (OMT), organismo das Nações Unidas para promover o desenvolvimento do turismo nos países subdesenvolvidos, define Turismo como a soma de relações e de serviços derivados de uma mudança temporária e voluntária de residência, motivada por razões que não podem ser profissionais ou de negócios. Para Melgar (2001, p. 13), a definição é mais abrangente, sendo que propõe, num conceito recente, que:
Turismo é o conjunto de atividades realizadas por uma pessoa em um lugar diferente daquele onde possui sua residência habitual, quando motivado por razões surgidas livremente e quando não sejam exercidas ações profissionais remuneradas diretamente por setores econômicos do lugar visitado.
O turismo, então, se apresenta como uma atividade social e econômica importante para o desenvolvimento de todos os segmentos da sociedade. Mas, de que forma o turismo age? Como produto e serviço. Para Ruschmann (1991, p. 26) apud Melgar (2001), produto turístico é:
 “a amálgama de elementos tangíveis e intangíveis, centralizados numa atividade específica e numa determinada destinação, as facilidades e as formas de acesso, das quais o turista compra a combinação de atividades e arranjos”.
Nesta ordem de idéias é importante salientar que não se pode falar de um produto completo ou único, mas sim de diversos bens ou serviços turísticos que, globalmente, satisfazem, naquele momento, a necessidade turística detectada.
  • O turismo tem como sua matéria prima os atrativos turísticos. São eles que podem motivar o deslocamento de pessoas para ver, fazer ou sentir e desfrutar de sua existência. Investir na imagem e na infraestrutura de uma cidade que possua atrativos turísticos faz deles produtos com capacidade de serem consumidos por algum tipo específico de mercado (MELGAR, 2001).
Ainda de acordo com Melgar (2001, p.71) os atrativos turísticos podem ser classificados nas seguintes categorias: sítios naturais, históricos, culturais, congressos e eventos, educacionais, recreacionais, saúde e negócios. O objeto de estudo se restringirá aos sítios naturais (montanhas, lagos e lagoas, cachoeiras, grutas e cavernas, observação de flora e fauna, parques nacionais e reservas), e históricos (museus e sítios históricos).
  • São diversas as disciplinas científicas que se têm dedicado a estudar a problemática turística – Economia e Gestão, Antropologia, Sociologia, Geografia, História, Ecologia entre outras. Desta diversidade pode falar-se em análises interdisciplinares visto que as diferentes abordagens teóricas apresentam características de transversalidade 
O turismo é entendido (Joaquim; 1994: 11; 1997: 75) como um fenômeno social de origem recente podendo ser analisado e definido a partir de referências bibliográficas diversas, apresentando entre si alguns traços comuns (cf. Baptista, Joaquim, Lanfant) que passamos a sistematizar. 
  • Assim, o turismo é um fenômeno humano, caracteristicamente social, que pressupõe deslocação temporária e limitada no tempo, sem que se verifique transferência do local de residência, é uma atividade que pressupõe uma relação entre a produção e o consumo com a consequente troca entre quem visita e quem recebe. O turismo (Joaquim, 1994) pressupõe assim uma relação entre dois grupos humanos categoriais - os que visitam e os que são visitados. 
Nesta relação, existe uma troca de expectativas - lazer para o que visita e trabalho para o que é visitado, verificando-se uma tentativa de rentabilização dupla - rentabilização e qualificação do tempo, das expectativas de lazer, ócio, satisfação pessoal e conhecimento para o que visita e rentabilização dos recursos disponíveis para o que é visitado.
  • Os autores consultados referem à origem do fenômeno turístico nas civilizações grega e romana apesar do seu desenvolvimento se ter verificado ao longo do século XX.
O prazer pelo desconhecido vai associar-se, mais tarde, ao prazer de desenvolver atividades diferentes das quotidianas nos tempos livres – atividades que se ligam não só ao ócio, mas principalmente a uma nova forma de conhecimento e à vontade de aprender através do contato direto com outros povos e outras culturas. 
  • A expansão do turismo internacional desde o final da II GG constituiu um dos fenômenos mais marcantes dos tempos modernos: as chegadas de turistas estrangeiros eram em 1950 de 25 milhões; de 567 milhões em 1995 (o que significa que em 50 anos multiplicaram 25 vezes).
O Grand Tour vai originar, do ponto de vista terminológico, as expressões tourisme, touristique, touriste. Inicialmente centrado em países europeus, nomeadamente, Itália porque o principal centro cultural. É evidente que o ir de férias ou tirar férias ou fazer turismo está sempre e ao longo do tempo fortemente condicionado pela capacidade de poupança das famílias ou pelo seu rendimento, acrescido de subsídios. Estes vão mesmo determinar a escolha dos destinos turísticos preferenciais em função das épocas históricas consideradas em análise. 
  • Assim, o período do Grand Tour privilegiava países como a Itália ou a França; o período da massificação turística alarga os horizontes das férias para toda a Europa, para a América Latina e países com características de exotismo controlado, apresentando diferenças culturais e naturais mostradas ao turista através de um cenário de deslumbramento, privilegiando os destinos balneares. 
A época do alternativo e das novas formas de turismo permite uma maior flexibilização tanto da oferta como da procura.

Turismo e sustentabilidade ambiental
referências para o desenvolvimento de um turismo sustentável

  • Em meio às inúmeras definições de turismo, há que se destacar aquela adotada por um organismo oficial, de inserção global, que é a Organização Mundial do Turismo. 
Segundo esse órgão, o turismo é um fenômeno de deslocado espacial, que envolve a utilização de algum meio de transporte e dura ao menos um pernoite no destino, esse deslocamento pode ser em território nacional ou internacional, motivado por diversas razões, como turismo de saúde, lazer, negócio e outros desde que, não correspondam a formas de remuneração direta. 
  • Esse tipo de analise propõe uma abordagem a um só tempo social e espacial do fenômeno turístico, e conforme pode se abstrair da definição da Organização Mundial do Turismo, todo tipo de viagem, desde que dure ao menos um pernoite no local, hoje é considerado como um tipo de turismo, independente da sua motivação. E se por um lado da origem a chamada segmentação do turismo (turismo de saúde, educacional ou de negócios), por outro lado pressupõe-se definição de sinônimos entre viagem e turismo. 
Cruz (2001) também estratificou o fenômeno, turismo em modalidades, quanto à forma de dispersão no espaço e objeto de consumo, dando origem às expressões turismo de massa e turismo alternativo. 
  • A atividade turística, através dos seus aspectos de consumo e investimento, torna-se produtiva, precisa, e determinada com características próprias, sendo seu desempenho fortemente influenciado pelo crescimento do nível de renda dos consumidores e das determinantes potenciais, incorpora-se ao campo do desenvolvimento do comércio, se projetando como um dos maiores e mais importantes setores da economia mundial.
A discussão conceptual e teórica em torno da problemática do turismo remete para o sujeito das práticas - o turista - podendo estabelecer-se uma relação entre o tipo de turismo e o seu praticante em função dos autores (cf. Joaquim; Baptista) que nos descrevem categorias tendentes ao turismo sustentável porque alternativo, práticas de lazer, de deslocação, de conhecimento de destinos preservados tanto do ponto de vista sociocultural como ambiental. 
  • Destinos por descobrir de forma responsável e responsabilizada, de forma integrada e compatibilizada, de forma respeitadora das diferenças, das identidades e da autenticidade local. As anteriores práticas, massificadas e turistificadas passam a ser entendidas de forma negativa e prejudicial porque equacionadas com a destruição do meio ambiente e a depredação cultural.
A transição foi consagrada pela Conferência de Manila (Lanfant 1991) em que se procurou valorizar a promoção de uma nova concepção do turismo, ultrapassando os objetivo econômicos anteriormente entendidos como prioritários e equacionando um conjunto alargado de componentes – a econômica, a social e cultural, a ecológica e ambientalista.

Conceituação de Turista e o Perfil do Turista Atual:
“Não é fácil definir turista, pois trata-se de um indivíduo em viagem cuja decisão foi tomada com base em percepções, interpretações, motivações, restrições e incentivos e representam manifestações, atitudes e atividades, tudo relacionado com factores psicológicos, educacionais, culturais, étnicos, econômicos, sociais e políticos”. Mário Baptista in Turismo, Competitividade Sustentável
A Organização Mundial do Turismo (WTO) define turista como toda a pessoa que se desloca para um país diferente daquele em que tem residência habitual, por um período de tempo não inferior a uma noite e não superior a mais do que um ano e cujo motivo principal da visita não é o exercício de uma atividade remunerada no país visitado (Vellas 1996). 
  • Desta definição estão excluídos os excursionistas por menos de 24 horas apesar de contribuírem de forma significativa para a economia turística de muitas regiões fronteiriças ou pequenos países insulares que recebem essencialmente turistas de cruzeiro.
O nosso objectivo recaiu no repensar o próprio conceito de turista a partir de um conjunto de pressupostos teóricos e da análise do Código Ético Mundial para o Turismo, valorizando o turista responsável porque preocupado, interessado e atento com o ambiente social, cultural e natural, por oposição ao turista massificado com algum grau de irresponsabilidade porque não preocupado, não atento e não interessado.
  • O Novo Turista pode ser então entendido como o viajante, o indivíduo que se desloca para visitar destinos diferentes do de residência habitual, por períodos de tempo limitados e variáveis, com o objectivo de lazer através do desenvolvimento de atividades propensas ao conhecimento e ao enriquecimento pessoal através de mecanismos de autoaprendizagem pelo contato direto e fundamentado no respeito mútuo com povos, culturas e ambientes naturais diferentes, sendo que esse deslocamento é realizado por razões motivacionais, podendo ser diversa a origem da motivação desde que não de âmbito econômico, pressupõe, no viajante, a descoberta de elementos socioculturais diversos do seu quadro de referência de origem, podendo verificar-se processos de aculturação, traduz-se na relação entre o visitante e o meio ambiente natural,
Seguramente pode-se constatar que o turismo é, de facto, um sector em expansão – todos fomos e continuamos a ser, em algumas situações, atores privilegiados da atividade turística – ora enquanto comunidade de acolhimento receptora de fluxos de viajantes ora como visitantes de locais mais ou menos distantes, em busca de paisagens tropicais, de exotismo e de culturas tradicionais, por períodos de tempo, por certo, variáveis. 
  • Também, e em função das situações, já sentimos os benefícios (in) diretos da atividade bem como os seus impactos menos positivos, algumas vezes até degradantes. Por outro lado, também já contribuímos para o incremento positivo do sector turístico em algumas regiões mas, por certo, teremos contribuído de forma (in)voluntária para a devastação ambiental e/ou cultural.
O impacto do turismo no meio ambiente é algo inevitável, e este pode impactar tanto de forma positiva como negativa, e esta última pode ser mitigada ou evitada caso se adote algumas medidas preventivas e isso se dá através de um turismo pensado e executado de forma responsável que pode ser através da junção de estudo prévia, o planejamento e a educação para o turismo. 
  • Considerando que nosso planeta é composto por muitos ecossistemas e ambientes com características próprias, não podendo haver um padrão único para o estudo. Assim não existe uma relação do ser humano sem o meio. É impossível o homem viver nesse planeta sem transformá-lo seja ele o ambiente natural ou artificial.
Consequente da atividade turística ocorrem impactos nas localidades alvo de visitação turística, podendo tais impactos serem negativos ou positivos dependendo da forma que tal atividade for concebida e praticada.
  • Cidades que têm no turismo a grande força de sua economia chegam a triplicar a sua população em épocas de alta temporada, indo bem além da sua capacidade de carga, aumentando consequente alguns problemas tais como a maior produção de lixo e a massificação de visitas e ate depredação de alguns atrativos turísticos sejam eles naturais ou artificiais. Contudo o mesmo tem seu grau de importância para a economia.
A relação entre turismo e meio ambiente é complementar, uma vez que o último constitui a matéria-prima da atividade turística. O meio ambiente é um elemento e um ingrediente mais fundamental do produto turístico que não tem preço fixado dentro de um sistema de mercado e, como tal, sempre será superexplorado:
"Os impactos do turismo em ambientes naturais estão associados tanto à colocação de infraestrutura nos territórios para que o turismo possa acontecer com a circulação de pessoas que a prática turística promove nos lugares. (...) meios de hospedagem edificados em áreas não urbanizadas bem como outras infraestruturas a eles associados podem representar riscos importantes de desestabilização dos ecossistemas em que se inserem".
A infraestrutura é um componente importante para o turismo, mas sua estreita relação entre os projetos turísticos e a qualidade do meio ambiente faz com que os impactos ambientais negativos destes empreendimentos causem degradação ao meio ambiente.Podemos destacar três tipos de impactos ambientais decorrentes da exploração desordenada e mal planejada, sob a ação direta da sua utilização:
  • Fauna - Os impactos em relação à fauna ainda não são bem conhecidos, mas sabe-se que existe uma alteração quanto ao número de espécies, tendo um aumento das espécies mais tolerante a presença do homem, uma diminuição aos mais sensíveis.
  • Solo - Os principais impactos causados ao solo são: a compactação e a redução da capacidade de retenção de água pelo solo, alterando assim a capacidade de sustentar a vida vegetal e animal do ambiente, seguido pela erosão.
  • Vegetação - Os impactos causados levam a extinção local de plantas por choque mecânico diretamente e indiretamente causado pela compactação do solo, a erosão deixa de maneira exposta às raízes das plantas comprometendo sua sustentação e tornando - as vulneráveis a contaminação de suas raízes por pragas, além das alterações que ocorrem no ambiente. (MARQUES, ON-LINE).
Há possibilidades de que os negativos do turismo sobre o meio ambiente natural superem os impactos positivos causados pelo mesmo, como poluição sonora, lixo e resíduos sólidos, degradação de ecossistemas frágeis, perda da biodiversidade, compactação dos solos resultante do pisoteamento, perda da cobertura vegetal e do solo, aceleramento de processos erosivos, fuga da fauna nativa, entre outros. 
  • Por tais motivos necessita-se a adoção de cuidados para o bom êxito da atividade turística, visto que resultados irreversíveis podem comprometer as áreas de visitação, já que o que a demanda desta modalidade turística busca são os ambientes conservados, mais próximos do natural possível. 
Para tal questão, é de grande relevância a pratica de reflexões e discussões sobre os impactos oriundos da atividade turística sobre o patrimônio natural, apontando propostas para minimizar os impactos negativos e aperfeiçoar os impactos positivos, enfatizando que o turismo não apenas traz impactos negativos, mas que existem vantagens em se desenvolver a atividade. 
  • E é por isso que a atividade deve ser bem planejada, eficientemente implementada e conduzida de forma responsável e para que isso ocorra com sucesso, são necessários estudos que busquem minimizar ao máximo a degradação ambiental das áreas receptoras. 
Para que este sucesso seja plenamente obtido faz-se necessário que uma comissão interdisciplinar seja montada, e que um profissional da área turística seja o pilar de orientação para o melhor desenvolvimento do trabalho, desenvolvendo em equipe trabalhos voltados para a educação ambiental conscientizando a população em torno, os turistas e algumas instituições privadas da grande importância da natureza.
  • Com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1972, em Estocolmo, os grandes problemas ambientais que o mundo estava sofrendo devido às ações insustentáveis realizadas pelo homem foram evidenciados. A partir da década de 80, correntes ambientalistas começam a discutir sobre os impactos causados ao meio ambiente em textos, livros e artigos para mostrar ao mundo como o homem estava se relacionando erroneamente com o seu entorno. 
O relatório Brundtland de 1987 ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Este sugere o conceito de desenvolvimento sustentado que seria o melhor aproveitamento dos recursos não renováveis para que as gerações futuras pudessem usufruir dos mesmos (NOVAES apud MRE DO BRASIL, 2007).
  • Na Rio 92, foram discutidas idéias do Brundtland, da Carta da Terra, que são princípios básicos que devem ser seguidos por todos os países, respeitando o meio ambiente e o desenvolvimento, assim como a Agenda 21, caracterizada por um plano de ação com metas ambientais aceitas universalmente (NOVAES, 2002).
Entre Estocolmo e a Rio 92, percebe-se uma política desenvolvimentista devido à conjuntura internacional. Começou-se a enfocar a certificação ambiental, uma atuação responsável e uma gestão ambiental pelas empresas e a sua interação com órgãos governamentais, instituições ambientais, ONG´s e outros. Surge o conceito de responsabilidade solidária adjunto das discussões oriundas destas conferências, programas educativos para funcionários de empresas e a comunidade onde estão instaladas para a conscientização da valorização do meio ambiente (NOVAES, 2002).
  • Com base nas normas britânicas de sistemas ambientais foi elaborado o ISO 14000 que são normas ambientais em nível mundial. E a partir deste, foi também enunciado o ISO 9000 constituído de normas de gestão de qualidade (ISO 14000 ENVIRONMENTAL MANAGEMENT, 2007).
Em abril de 1995, a ONU realizou a Primeira Conferência sobre Turismo Sustentável, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Essa conferência foi patrocinada pelo Programa Ambiental da própria ONU, pelo Programa sobre o Homem e a Biosfera da UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo (CIBERAMÉRICA, 2007). 
  • A OMT elaborou um código de ética de Turismo em 1999, contendo 10 artigos que mostram o turismo como um instrumento de desenvolvimento individual e coletivo, preservando os valores morais da sociedade, preparando os turistas e os habitantes locais. Estes, para atuar como defensores do seu patrimônio, reconhecendo todos os tipos de benefícios, contudo, sabendo dos riscos da atividade turística também (OMT, 2007).
Conceito surgido a partir da segunda metade do século XX, o desenvolvimento sustentável representa a busca pelo progresso da civilização compatibilizado com os padrões de preservação da natureza e da cultura. O conceito de desenvolvimento vem se redefinindo ao longo dos tempos, tornando-se cada vez mais pluralista. 
  • Oriundo da Idade Média, este conceito transformou-se com o advento do capitalismo, que trouxe o desenvolvimento por meio do comércio e do interesse individual, mutação esta que sugeriu a prioridade do interesse individual sobre o coletivo, deixando-se de lado também as consequências desta mudança em um futuro próximo.
Segundo Sachs (1998), o conceito de sustentabilidade surgiu da tentativa de conciliação entre ecologia e economia. Gutberlet (1998) contribui com a ideia de ecodesenvolvimento, que observa o princípio de minimizar os impactos da economia sobre a ecologia, sem restringir a qualidade de vida das populações e a satisfação de suas necessidades básicas. 
  • Os principais instrumentos na tentativa de correção dos prejuízos já ocorridos seriam o progresso desmedido, com uso da tecnologia e da ciência.
As atividades de qualquer cunho, ao serem planejadas visando à sustentabilidade, devem estar orientadas por padrões de conservação em primeiro plano, ou seja, estar adequadas ao progresso a níveis cada vez menores de degradação ambiental e impactos culturais. 
  • O caminho rumo ao desenvolvimento sustentável é mais que tudo, uma decisão política e da sociedade, que não se estabelece do dia para a noite, e muito menos em poucos anos.  Ao assumirmos uma perspectiva pluralista de desenvolvimento podemos perceber que este transcende a finalidade econômica e inclui aspectos sociais, ambientais, ecológicos, territoriais e políticos. 
Segundo Rattner (1998), as crises ambientais, associadas aos problemas políticos e econômicos que abrangem praticamente todo o mundo, remetem a questionamentos do paradigma desenvolvimentista dominante. 
  • Desta forma, as estratégias de desenvolvimento sustentável deverão ter como principais características: viabilidade econômica, justiça social, priorização ecológica e aceitação moral e estética. No entanto, a falta de precisão do conceito de sustentabilidade mostra-se evidente pela ausência de um quadro de referência teórico, capaz de relacionar sistematicamente as diferentes contribuições dos vários conhecimentos específicos relacionados.
Desta forma, a sustentabilidade parece ser a base para o desenvolvimento sustentável, comportando seis aspectos fundamentais: 
  1. Sustentabilidade social; 
  2. Sustentabilidade econômica; 
  3. Sustentabilidade ecológica ou ambiental; 
  4. Sustentabilidade geográfica; 
  5. Sustentabilidade cultural; e 
  6. Sustentabilidade política.
Percebe-se assim a importância da interação entre pessoas e organizações, como ferramenta de desenvolvimento sustentável. Rattner (1998) defende como desafio contemporâneo da sociedade a estratégia de crescimento econômico direcionado a favor da maioria pobre da população, em um modelo de sustentabilidade.

Turismo e sustentabilidade ambiental